Transformando realidades: a urgência de igualdade real

No último trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre pretos e pardos foi de 7,5% e 7,0%, respectivamente, enquanto entre brancos foi de 4,9%

Racismo no BRasil

Neuton Correa, Fabiano Bó*

Publicado em: 05/07/2025 às 07:03 | Atualizado em: 05/07/2025 às 07:03

A luta contra o racismo é um dos maiores desafios sociais que o Brasil enfrenta. É uma batalha que transcende o tempo e exige o engajamento de todos os segmentos da sociedade. O racismo, arraigado na história do país, continua a se manifestar de formas sutis e explícitas, desafiando os princípios de justiça, igualdade e dignidade humana.

Em um cenário de profunda desigualdade social, a discriminação racial não se limita apenas ao preconceito individual, mas permeia as estruturas sociais, educacionais e econômicas, criando um ciclo de exclusão e violência que afeta milhões de brasileiros. No entanto, como sociedade, temos a responsabilidade de, não apenas reconhecer essa realidade, mas de agir de maneira contundente e transformadora.

Pretos, desempregados

O Brasil, com suas imensas diversidades, possui um dos maiores índices de desigualdade racial do mundo. Dados recentes mostram que, no último trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre pretos e pardos foi de 7,5% e 7,0%, respectivamente, enquanto entre brancos foi de 4,9%. Isso demonstra uma disparidade gritante que não pode ser ignorada.

A exclusão da população negra do mercado de trabalho é apenas um reflexo da marginalização que começa bem antes, nas escolas, nos bairros, nas ruas.

Pretos, mortos

As estatísticas não mentem: a cada dez homicídios, sete vítimas são negras, e a violência contra essa parcela da população continua a crescer. Esse cenário exige uma reflexão profunda sobre como a sociedade, as instituições e o próprio Estado podem e devem agir para transformar essa realidade.

3 de Julho

O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, comemorado em 3 de julho, é uma oportunidade para para refletir sobre essa questão fundamental. O objetivo é não apenas lembrar, mas conscientizar sobre a temática da discriminação racial ainda muito presente nas relações sociais e nas oportunidades de vida no país. Mais do que uma data simbólica, ela deve ser um marco de chamada à ação, um convite à sociedade para que cada um assuma sua parte na construção de um Brasil mais justo e igualitário.

A luta contra o racismo não é mais um compromisso do governo, mas uma responsabilidade coletiva de todos nós.

O combate à discriminação racial requer uma mudança estruturante na sociedade. É necessário que as instituições, públicas e privadas, se responsabilizem por garantir igualdade de oportunidades em todas as áreas.

Enfrentamento no Amazonas

O Governo do Amazonas, por exemplo, tem implementado algumas ações afirmativas para combater a desigualdade racial. Pode-se citar o Selo Igualdade Racial, lançado em 2024, que visa incentivar as empresas a adotarem práticas inclusivas no ambiente de trabalho. Contudo, é preciso destacar que, embora a ação governamental seja um passo importante, o verdadeiro impacto virá da transformação de mentalidade e da criação de uma cultura de respeito e valorização da diversidade.

O papel das escolas, das empresas, das famílias nesse processo é fundamental. O ensino da história afro-brasileira e a importância de se combater o preconceito desde cedo são cruciais para que a inclusão racial e a igualdade deixem de ser ideais e passem a ser realidade. Promover essa igualdade requer da sociedade a responsabilidade de deixar um legado de justiça para a próxima. Além disso, o mercado de trabalho, ao promover a inclusão racial, pode tornar-se uma verdadeira plataforma de transformação social, gerando mudanças que garantam que os cidadãos tenham as mesmas oportunidades de emprego, remuneração e ascensão profissional.

A sociedade deve perceber o racismo

O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial não pode ser uma data de comemoração vazia, mas um momento de ação e reflexão genuína. A sociedade deve perceber que o racismo é algo que nos mantém distantes do “outro”. Mas, em essência, do que nos faz humanos: a dignidade, o respeito, o valor em todas as esferas da vida. O compromisso deve ser com o hoje e com o futuro. Isso é para que, as futuras gerações possam viver um país onde o sonho de justiça não seja apenas uma marca de nossa história, e não uma realidade presente.

Somente com unidade e ação concreta, seremos capazes de superar os obstáculos do preconceito e da discriminação racial e garantir um futuro onde todos, independentemente de sua cor de pele, tenham a possibilidade de construir sua vida com dignidade e respeito.

*Coronel da Polícia Militar, especialista em Política e Estratégia (ADESG) e secretário de Estado Chefe da Casa Militar do Amazonas.

Imagem: IA/ChctGPT