Garantido traz Laroyê sem Exu
Agremiação evita citar Exu em toada e levanta debate sobre silenciamento de religiões afro.

Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas em Parintins
Publicado em: 23/06/2025 às 08:00 | Atualizado em: 24/06/2025 às 11:06
Neste ano de 2025, o boi-bumbá Garantido vai explorar a temática afro-indígena na Amazônia, capitalizando ao máximo o processo de reconhecimento do quilombo da baixa.
Contudo, há uma incômoda incoerência.
Ave sem Maria
Causa estranheza que a belíssima toada “Povo Negro da Amazônia” (Helen Veras, Jorge Moraes, Maneca Sobral e Sebrin) faça uma saudação ao orixá Exu sem completá-la com o nome da entidade. A toada clama a plenos pulmões “Laroyê” e silencia.
A incompletude da saudação é equivalente a falar “Ave” sem completar com Maria para os católicos.
Ao povo de terreiro, o primeiro impulso ao ouvir a saudação Laroyê é completá-la com Exu!.
Material de apoio
Historicamente, a entidade foi demonizada, sendo apontada como equivalente ao demônio cristão.
O boi Garantido fez uma publicação em suas redes sociais explicando tal processo. Contudo, não dá indícios de que assumirá Exu em alto e bom som na arena do bumbódromo.
Se o expectador quiser compreender que a agremiação se posiciona contrária à demonização da entidade terá que recorrer ao material de apoio publicado em 13 de junho.
No sigilo
Nesse contexto, ao evitar chamar Exu parece que a agremiação seleciona o que é menos impactante a ouvidos intolerantes.
Ao invés de assumir o seu papel pedagógico e, afinal, a própria escolha ao acionar a entidade.
Esperava-se, pelo menos, que a saudação da toada fosse completada pela fala de seu apresentador ou backing-vocais. Mas, não se ouviu Exu até o último ensaio na arena do bumbódromo.
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Foto: reprodução