WhatsApp chantageia usuĂ¡rios em troca de dados pessoais

O WhatsApp nĂ£o detalhou em quanto tempo as restrições serĂ£o aplicadas, nos casos de o usuĂ¡rio se recusar a aceitar a nova polĂ­tica de privacidade do aplicativo cujo dono Ă© o Facebook

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Publicado em: 08/05/2021 Ă s 00:40 | Atualizado em: 08/05/2021 Ă s 00:45

O WhatsApp estĂ¡ condicionando o uso dos seus serviços em troca de dados pessoais dos usuĂ¡rios em sua nova polĂ­tica de privacidade. Ou seja: ou os usuĂ¡rios liberam seus dados particulares para o aplicativo, cujo dono Ă© o Facebook, ou perdem serviços.

O WhatsApp atualizou, nessa sexta-feira (7), uma pĂ¡gina na qual explica o que vai acontecer com as contas das pessoas que nĂ£o aceitarem a sua nova polĂ­tica de privacidade, que entrarĂ¡ em vigor no dia 15 de maio. A reportagem Ă© do portal G1.

De acordo com o aplicativo, nenhuma conta serĂ¡ apagada e o aplicativo vai continuar funcionando na data. 

PorĂ©m, aqueles que nĂ£o tiverem concordado com os novos termos irĂ£o ver um lembrete com mais frequĂªncia.

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Em fevereiro, o aplicativo avisou que o envio e leitura de mensagens ficariam restritos para aqueles que nĂ£o concordassem com os novos termos atĂ© a data de vigĂªncia. 

Ou seja, isso mudou. Na prĂ¡tica, o WhatsApp darĂ¡ mais tempo para as pessoas aceitarem a polĂ­tica.

Lembrete persistente 

“ApĂ³s um perĂ­odo de vĂ¡rias semanas, o lembrete que as pessoas recebem se tornarĂ¡ persistente”, avisou o aplicativo. 

Depois que as pessoas receberem esse “lembrete persistente”, o envio e leitura de mensagens ficarĂ£o restritos. NĂ£o serĂ¡ possĂ­vel acessar sua lista de conversas, segundo o app. 

Aqueles que tiverem as notificações habilitadas ainda poderĂ£o tocar para ler ou responder as mensagens, alĂ©m de atender chamadas de voz e de vĂ­deo. 

ApĂ³s algumas semanas de funcionalidade limitada, vocĂª nĂ£o poderĂ¡ mais receber chamadas ou notificações e o WhatsApp irĂ¡ parar de enviar mensagens e chamadas para o seu telefone. 

O aplicativo nĂ£o detalhou em quanto tempo essas restrições serĂ£o aplicadas.

O que vai mudar? 

A mudança na polĂ­tica de privacidade passou a ser comunicada no inĂ­cio de 2021 e prevĂª o compartilhamento de novos dados com o Facebook, dono do app. 

Os termos prevĂªem que dados gerados em interações com contas comerciais, como as de lojas que atendem pelo WhatsApp, poderĂ£o ser utilizados pelas empresas para direcionar anĂºncios no Facebook e no Instagram.

Embora o WhatsApp afirme que as novidades da polĂ­tica de privacidade estĂ£o centradas em interações com empresas, o novo texto indica a coleta de informações que nĂ£o estavam presentes na versĂ£o anterior do documento. 

Entre elas: carga da bateria, operadora de celular, força do sinal da operadora e identificadores do Facebook, Messenger e Instagram que permitem cruzar dados de um mesmo usuĂ¡rio nas trĂªs plataformas. 

O aplicativo mostra em seus termos quais sĂ£o os fins da coleta de dados, como utilizaĂ§Ă£o das informações para melhorias no serviço ou integraĂ§Ă£o entre plataformas.

PorĂ©m, nĂ£o hĂ¡ um detalhamento individual sobre a finalidade dos dados armazenados pela companhia.

Mensagens serĂ£o lidas por todos?

NĂ£o. A companhia afirma que todas as mensagens – de texto, Ă¡udio, vĂ­deo e imagens – sĂ£o criptografadas de ponta a ponta, o que significa que somente o remetente e destinatĂ¡rio podem ver a mensagem. 

O aplicativo tambĂ©m ressalta que nĂ£o mantĂ©m registros sobre com quem os usuĂ¡rios estĂ£o conversando e que nĂ£o compartilha listas de contatos com o Facebook, pontos vistos como preocupações de parte dos usuĂ¡rios. 

A nova polĂ­tica de privacidade, porĂ©m, deixa de garantir a proteĂ§Ă£o da criptografia em conversas com contas comerciais. 

Imagine, por exemplo, uma grande varejista que ofereça atendimento pelo WhatsApp.

Os atendentes nĂ£o respondem por um celular, mas por ferramentas que gerenciam os chats. 

Como existe um terceiro armazenando e gerenciando interações com empresas, o aplicativo nĂ£o consegue garantir a criptografia ponta a ponta para essas conversas.

Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil