Trump cancela taxaĂ§Ă£o de grandes fortunas pensando na sua

Donald Trump retirou os EUA do Acordo TributĂ¡rio Global, que estabelecia uma taxaĂ§Ă£o mĂ­nima para multinacionais.

Publicado em: 21/01/2025 Ă s 16:17 | Atualizado em: 21/01/2025 Ă s 16:17

A decisĂ£o do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o paĂ­s do Acordo TributĂ¡rio Global, negociado no Ă¢mbito da OCDE, representa um duro golpe aos esforços de coordenaĂ§Ă£o internacional para taxar grandes corporações. O pacto, assinado por mais de 140 paĂ­ses, incluindo o Brasil, visava estabelecer uma alĂ­quota mĂ­nima de 15% para multinacionais com receitas superiores a 750 milhões de euros, limitando a prĂ¡tica de evasĂ£o fiscal por meio de paraĂ­sos fiscais.

Trump, dono de corporações e de uma fortuna bilionĂ¡ria, justificou a medida como uma forma de recuperar a “soberania e competitividade econĂ´mica” dos EUA.

Em seu decreto, argumentou que o acordo limitava a autonomia fiscal americana e expunha empresas do paĂ­s a regimes tributĂ¡rios internacionais retaliatĂ³rios.

O presidente determinou que o secretĂ¡rio do Tesouro notifique a OCDE sobre a saĂ­da oficial dos EUA do compromisso e investigue possĂ­veis prĂ¡ticas tributĂ¡rias discriminatĂ³rias de outros paĂ­ses contra empresas estadunidense.

Por outro lado, analistas e diplomatas europeus veem na decisĂ£o um sinal claro de enfraquecimento do diĂ¡logo multilateral.

A medida foi descrita como o fechamento de portas para debates sobre taxaĂ§Ă£o de grandes fortunas, anteriormente pautados no G20.

Essa postura tambĂ©m reflete o alinhamento de Trump com grandes corporações e bilionĂ¡rios, tradicionalmente contrĂ¡rios a regulações fiscais globais.

Impactos

A saĂ­da dos EUA enfraquece o Acordo TributĂ¡rio Global, cuja implementaĂ§Ă£o dependia fortemente da adesĂ£o americana, nĂ£o apenas pelo peso econĂ´mico do paĂ­s, mas pela influĂªncia que exerce sobre outras nações.

A ausĂªncia de um consenso global pode levar Ă  intensificaĂ§Ă£o de uma “guerra fiscal” entre paĂ­ses, prejudicando economias emergentes que buscavam no pacto um mecanismo de justiça tributĂ¡ria.

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O Brasil, que desempenhou papel importante na elaboraĂ§Ă£o do acordo e o colocou como uma prioridade durante sua presidĂªncia no G20 em 2024, tambĂ©m enfrenta um revĂ©s.

A perspectiva de que Trump lidere o bloco em 2026 com a intenĂ§Ă£o de enterrar a proposta reforça as dificuldades de avanços nesse campo.

O fim do diĂ¡logo multilateral?

A decisĂ£o de Trump nĂ£o se limita a uma postura protecionista. Ela simboliza uma ruptura mais ampla com iniciativas de governança global, reafirmando a estratĂ©gia “America First” que marcou sua primeira gestĂ£o.

Ao priorizar os interesses econĂ´micos imediatos das empresas de seu paĂ­s, Trump coloca em risco os esforços internacionais de combate Ă  desigualdade fiscal e Ă  evasĂ£o tributĂ¡ria.

Essa postura nĂ£o apenas isola os EUA de acordos internacionais, mas tambĂ©m ameaça o equilĂ­brio econĂ´mico global, intensificando as desigualdades entre nações e limitando a capacidade de estados soberanos de exercer controle sobre a tributaĂ§Ă£o de grandes fortunas.

O gesto inicial do novo governo Trump reforça uma agenda de unilateralismo que deverĂ¡ moldar as relações internacionais nos prĂ³ximos anos.

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Foto: GOP/Fotos PĂºblicas