TragĂ©dia de Brumadinho, trĂªs anos de dor e de impunidade
Desde 2019, mais de 4 mil bombeiros participaram da maior operaĂ§Ă£o de buscas do paĂs. Por causa das chuvas que castigaram MG, trabalhos em Brumadinho estĂ£o interrompidos

Publicado em: 25/01/2022 Ă s 12:12 | Atualizado em: 25/01/2022 Ă s 13:00
TrĂªs anos apĂ³s o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), famĂlias ainda vivem a angĂºstia da tragĂ©dia que começou no dia 25 de janeiro de 2019.
Hoje, a Ă¡rea atingida pelo rejeito de minĂ©rio virou um grande canteiro de obras. MĂ¡quinas e tratores fazem a limpeza do local praticamente durante todo o dia.
No deste inĂcio do ano, a chuva que caiu em Brumadinho forçou o Corpo de Bombeiros a interromper as buscas.
“O trabalho deve ser retomado a partir do dia 8, 9 de fevereiro. Nesse momento estĂ£o sendo realizadas intervenções para garantir a estabilidade e a segurança dos militares, mas o planejamento e acompanhamento dessas ações continuam”, afirma o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
Desde o dia 25 de janeiro de 2019, a operaĂ§Ă£o em Brumadinho sĂ³ tinha sido suspensa em dois momentos. O primeiro, de março a agosto de 2020, e o segundo, de março a agosto de 2021, em cumprimento a determinaĂ§Ă£o do ComitĂª de Enfrentamento Ă Covid do estado.
Nos dois perĂodos, Minas Gerais enfrentava, atĂ© entĂ£o, as fases mais crĂticas da pandemia.
De acordo com a corporaĂ§Ă£o, cerca de 4,2 mil bombeiros jĂ¡ atuaram nas buscas em Brumadinho. O trabalho nĂ£o tem data para terminar.
O compromisso dos militares Ă© devolver Ă s famĂlias todas as vĂtimas da tragĂ©dia.
No retorno das buscas, as equipes do Corpo de Bombeiros vĂ£o contar com esteiras desenvolvidas exclusivamente para a operaĂ§Ă£o. As estações jĂ¡ estĂ£o sendo montadas.
IdentificaĂ§Ă£o
Em Belo Horizonte, o trabalho de identificaĂ§Ă£o tambĂ©m continua. Em trĂªs anos, 264 vĂtimas localizadas foram identificadas.
Até o dia 10 de janeiro, 900 casos foram solucionados. Isso representa 94% de todos os materiais que chegaram ao Instituto Médico-Legal (IML).
De acordo com a PolĂcia Civil, nesses casos, estĂ£o incluĂdos as identificações, reidentificações e segmentos nĂ£o humanos.
“A sensaĂ§Ă£o de entrar aqui e ver o Instituto MĂ©dico-Legal coberto de lama, de encontrar todas as mesas de necropsia, todos os materiais cobertos por uma lama que nĂ£o era de terra. Era uma lama de ferro. Aquela imagem estĂ¡ bem viva na minha cabeça, era um outro lugar”, relembra o medico-legista Ricardo Moreira, que chefiava a equipe do IML na Ă©poca do rompimento
Sessenta e um casos estĂ£o sob anĂ¡lise. Em nota, a PolĂcia Civil afirmou que eles jĂ¡ “foram examinados e periciados, mas sua identificaĂ§Ă£o nĂ£o foi possĂvel por outros mĂ©todos (papiloscopia, odontologia, antropologia) e seguem para exame de DNA”. Na fase atual, cerca de 30 servidores sĂ£o responsĂ¡veis pelo trabalho de identificaĂ§Ă£o.
Leia mais no G1.
Foto: DivulgaĂ§Ă£o/ Corpo de Bombeiros