STF reafirma liberdade de imprensa e combate Ă desinformaĂ§Ă£o
DecisĂ£o do Supremo protege o jornalismo contra punições indevidas, mas exige compromisso com a apuraĂ§Ă£o rigorosa e o direito de resposta.
Bruna Lira, da RedaĂ§Ă£o do BNC AmazonasÂ
Publicado em: 20/03/2025 Ă s 17:59 | Atualizado em: 20/03/2025 Ă s 17:59
O Supremo Tribunal Federal (STF) consolidou, nesta quinta-feira (20), uma decisĂ£o importante para a liberdade de imprensa no Brasil. A Corte determinou que veĂculos jornalĂsticos nĂ£o podem ser responsabilizados automaticamente por declarações falsas de terceiros. A puniĂ§Ă£o sĂ³ ocorrerĂ¡ se houver comprovaĂ§Ă£o de mĂ¡-fĂ©, ou seja, quando o veĂculo souber da falsidade da informaĂ§Ă£o antes da publicaĂ§Ă£o ou agir com negligĂªncia grave ao divulgar o conteĂºdo sem checagem adequada.
ProteĂ§Ă£o ao Jornalismo Profissional
O STF definiu que veĂculos de comunicaĂ§Ă£o nĂ£o podem ser punidos apenas por reproduzirem falas de entrevistados. No entanto, devem seguir boas prĂ¡ticas jornalĂsticas para evitar a propagaĂ§Ă£o de informações falsas.
Se um entrevistado fizer uma acusaĂ§Ă£o falsa em um programa ao vivo, o veĂculo nĂ£o serĂ¡ responsabilizado. PorĂ©m, deverĂ¡ assegurar ao ofendido o direito de resposta no mesmo espaço e com igual destaque. Dessa maneira, a decisĂ£o protege tanto a liberdade de expressĂ£o quanto a necessidade de corrigir informações enganosas.
AlĂ©m disso, quando um conteĂºdo falso permanecer disponĂvel na internet, a Justiça poderĂ¡ ordenar sua remoĂ§Ă£o. Essa medida poderĂ¡ ocorrer por decisĂ£o judicial ou por notificaĂ§Ă£o da vĂtima. Se o veĂculo descumprir a ordem, responderĂ¡ legalmente.
Relembre
A decisĂ£o do STF começou com um processo contra o DiĂ¡rio de Pernambuco. Em 1995, o jornal publicou uma entrevista na qual o ex-delegado Wandenkolk Wanderley acusou falsamente o ex-deputado Ricardo Zarattini (1935-2017) de envolvimento em um atentado a bomba em 1966. Como resultado, Zarattini processou o jornal e ganhou a causa.
Diante desse caso, surgiram dĂºvidas sobre a aplicaĂ§Ă£o da tese. Por isso, o DiĂ¡rio de Pernambuco e a AssociaĂ§Ă£o Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) recorreram. Eles alegaram que a decisĂ£o anterior era subjetiva e, alĂ©m disso, poderia restringir a liberdade de imprensa.
Para evitar interpretações abusivas, os ministros do STF revisaram a tese. O relator, Edson Fachin, ressaltou que a imprensa deve ter liberdade, mas tambĂ©m responsabilidade. Segundo ele, Ă© fundamental garantir o direito Ă informaĂ§Ă£o sem permitir que veĂculos propaguem desinformaĂ§Ă£o de forma negligente.
Liberdade de Imprensa
O STF deixou claro: veĂculos de imprensa devem ter autonomia para divulgar informações. No entanto, precisam garantir o contraditĂ³rio e verificar os fatos.
A nova decisĂ£o tambĂ©m impede remoções arbitrĂ¡rias de conteĂºdo. O material sĂ³ poderĂ¡ ser retirado do ar apĂ³s ordem judicial ou notificaĂ§Ă£o formal da vĂtima. Assim, evita-se censura indevida e protege-se o jornalismo independente.
A decisĂ£o do STF cria um marco jurĂdico essencial para o jornalismo no Brasil. Agora, a imprensa pode exercer seu papel investigativo sem medo de punições injustas. Ao mesmo tempo, aqueles que forem alvos de informações falsas terĂ£o formas de buscar reparaĂ§Ă£o.
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Foto: AgĂªncia Brasil
