‘A corrupĂ§Ă£o nas polĂ­cias Ă© um cĂ¢ncer’, diz matador de Marielle ao STF

Ronnie Lessa revelou ao STF a existĂªncia de um esquema de propinas na PolĂ­cia Civil.

Publicado em: 28/08/2024 Ă s 19:54 | Atualizado em: 28/08/2024 Ă s 19:54

No segundo dia de seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o rĂ©u colaborador Ronnie Lessa fez declarações explosivas sobre a atuaĂ§Ă£o da PolĂ­cia Civil, afirmando que a instituiĂ§Ă£o opera com uma tabela de preços para o pagamento de propinas. A revelaĂ§Ă£o foi feita em resposta ao promotor Olavo Evangelista Pezzotti, representante da Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR), que solicitou detalhes sobre os valores envolvidos em esquemas ilĂ­citos.

DenĂºncias sobre propinas e manipulaĂ§Ă£o de investigações

Segundo Lessa, atividades ilĂ­citas como contravenĂ§Ă£o, milĂ­cia e trĂ¡fico tĂªm preços estipulados dentro da PolĂ­cia Civil, especialmente na Delegacia de HomicĂ­dios (DH).

Ele afirmou que desde a gestĂ£o de Rivaldo Barbosa, que teria transformado a DH em uma DivisĂ£o de HomicĂ­dios para aumentar o valor das propinas, esse esquema se intensificou.

“Quem tem dinheiro nĂ£o vai preso”, disse Lessa, destacando que investigações sĂ£o redirecionadas para proteger aqueles que podem pagar.

Lessa mencionou casos emblemĂ¡ticos que nĂ£o foram resolvidos, como as mortes de Marcos Falcon, Geraldo Pereira, Haylton Escafura, entre outros, sugerindo que esses crimes foram encobertos pela DH. Ele ainda acrescentou que, se houvesse uma intervenĂ§Ă£o na DH, o valor das propinas aumentaria ainda mais.

Resposta da PolĂ­cia Civil

Em resposta às acusações, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) emitiu uma nota negando as declarações de Lessa, afirmando que suas alegações carecem de credibilidade sem provas que as sustentem.

A Sepol destacou que Lessa, acusado de diversos crimes, incluindo o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, tem interesse em desqualificar o trabalho da Delegacia de HomicĂ­dios, que o prendeu.

A nota tambĂ©m mencionou que, no fim do ano passado, a atual gestĂ£o criou um grupo de trabalho no Departamento-Geral de HomicĂ­dios e ProteĂ§Ă£o Ă  Pessoa (DGHPP) para revisar inquĂ©ritos de homicĂ­dios nĂ£o solucionados, reafirmando o compromisso da instituiĂ§Ă£o em combater o crime e proteger a sociedade.

Leia mais no O Globo

Foto: reproduĂ§Ă£o/TV Globo