ONU sugere ao Brasil rever modo de atuar da segurança pĂºblica

O ComitĂª da ONU para o Combate Ă  Tortura recomendou ao governo brasileiro que desmilitarize os agentes de aplicaĂ§Ă£o da lei e tome medidas para rever a segurança pĂºblica no paĂ­s.

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Publicado em: 12/05/2023 Ă s 09:30 | Atualizado em: 12/05/2023 Ă s 09:32

O ComitĂª da ONU para o Combate Ă  Tortura divulgou uma recomendaĂ§Ă£o ao governo brasileiro, solicitando medidas para revisar a abordagem da segurança pĂºblica e promover a “desmilitarizaĂ§Ă£o” dos agentes de aplicaĂ§Ă£o da lei. A publicaĂ§Ă£o foi feita nesta sexta-feira (12/5), apĂ³s uma avaliaĂ§Ă£o da situaĂ§Ă£o da tortura no paĂ­s. O relatĂ³rio tambĂ©m enfatiza as seguintes demandas:

UtilizaĂ§Ă£o de armas menos letais em operações realizadas em Ă¡reas com alta densidade populacional.

ImplementaĂ§Ă£o de sistemas de vigilĂ¢ncia por vĂ­deo em todos os centros de interrogatĂ³rio e locais de detenĂ§Ă£o.

SuspensĂ£o e puniĂ§Ă£o de quaisquer agentes estatais envolvidos em casos de tortura.

No relatĂ³rio, a entidade reconhece a vontade polĂ­tica do Brasil em abordar questões de direitos humanos e elogia a criaĂ§Ă£o do MinistĂ©rio dos Direitos Humanos e Cidadania.

No entanto, o ComitĂª expressa “grave preocupaĂ§Ă£o” com as violações de direitos humanos, especialmente execuções extrajudiciais, tortura e violĂªncia sexual, principalmente contra afro-brasileiros durante incursões altamente militarizadas em favelas conduzidas por agentes de diferentes Ă³rgĂ£os de segurança do Estado, incluindo a polĂ­cia militar, a polĂ­cia civil e a polĂ­cia rodoviĂ¡ria federal.

O ComitĂª insta o Brasil a adotar medidas urgentes para desmilitarizar as atividades de aplicaĂ§Ă£o da lei, eliminar o uso excessivo de força, especialmente força letal, por parte de agentes da lei e oficiais militares, e fortalecer os mecanismos independentes de supervisĂ£o.

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Outro ponto de preocupaĂ§Ă£o destacado pela ONU Ă© a superlotaĂ§Ă£o nas prisões e a alta taxa de encarceramento, principalmente de jovens afro-brasileiros, em prisões provisĂ³rias por crimes relacionados a drogas.

A entidade expressa preocupaĂ§Ă£o com a falta de medidas efetivas para abordar as causas fundamentais dessa desproporcionalidade, como policiamento excessivo, perfilamento racial e discriminaĂ§Ă£o sistĂªmica dentro das forças policiais e Ă³rgĂ£os judiciais.

No relatĂ³rio final, o ComitĂª solicita ao Brasil que elimine a superlotaĂ§Ă£o em todos os centros de detenĂ§Ă£o, resolva as deficiĂªncias relacionadas Ă s condições gerais de vida nas prisões para garantir o cumprimento integral das Regras de Nelson Mandela, revise minuciosamente as leis, polĂ­ticas e prĂ¡ticas existentes para abordar as causas fundamentais das taxas desproporcionais de encarceramento de afro-brasileiros e garanta a continuidade do tratamento mĂ©dico nas prisões.

A informaĂ§Ă£o Ă© do jornalista Jamil Chade em sua coluna no portal UOL

Foto: TĂ¢nia Rego/EBC