Seca dos rios deixa ZFM sem insumos e fĂ¡bricas podem parar

Seca histĂ³rica compromete produĂ§Ă£o de eletrodomĂ©sticos e eletrĂ´nicos em Manaus.

FĂ¡bricas da ZFM podem parar sem navios com insumos

Publicado em: 16/10/2023 Ă s 22:17 | Atualizado em: 16/10/2023 Ă s 22:56

A histĂ³rica seca no Amazonas estĂ¡ ameaçando parar as fĂ¡bricas da Zona Franca de Manaus (ZFM), que concentram a produĂ§Ă£o de eletrodomĂ©sticos, aparelhos eletrĂ´nicos e motocicletas no Brasil. A piora nas condições de transporte de cargas pelo rio Amazonas e seus afluentes nos Ăºltimos dias estĂ¡ causando atrasos na entrega de materiais, resultando em um acĂºmulo de produtos acabados nos estoques das fĂ¡bricas.

AtĂ© agora, as fĂ¡bricas conseguiram administrar a situaĂ§Ă£o com ajustes na produĂ§Ă£o, evitando a paralisaĂ§Ă£o completa das linhas. No entanto, com o estresse logĂ­stico se aproximando do limite e sem perspectiva de normalizaĂ§Ă£o da navegabilidade a curto prazo, algumas empresas estĂ£o considerando a adoĂ§Ă£o de fĂ©rias coletivas nos prĂ³ximos dias.

Tanto a Eletros, a associaĂ§Ă£o que representa fabricantes de eletrodomĂ©sticos, quanto o sindicato dos metalĂºrgicos da regiĂ£o confirmaram que informações sobre a possĂ­vel paralisaĂ§Ă£o foram recebidas. As maiores embarcações nĂ£o conseguem mais acessar o porto de Manaus devido Ă  reduĂ§Ă£o do nĂ­vel da Ă¡gua em trechos crĂ­ticos. A alternativa Ă© transportar as cargas por balsas entre Manaus e o porto Vila do Conde, no ParĂ¡, onde os navios estĂ£o transferindo a carga.

As balsas podem passar por trechos com profundidade inferior a 2 metros, em comparaĂ§Ă£o com os 8 metros necessĂ¡rios para os navios. No entanto, as balsas transportam apenas 10% da carga de um navio e nĂ£o conseguem desenvolver muita velocidade devido Ă s restrições atuais de navegabilidade, o que aumenta o tempo de transporte.

As soluções alternativas tambĂ©m estĂ£o acarretando custos adicionais, incluindo despesas com armazenagem e transferĂªncias imprevistas de contĂªineres, o que elevou o custo de frete na regiĂ£o em 25% a 50%, dependendo do contrato.

As fĂ¡bricas estĂ£o enfrentando dificuldades para receber insumos e tambĂ©m precisam equilibrar os estoques, que estĂ£o aumentando em seus pĂ¡tios devido Ă  irregularidade no despacho de mercadorias. No momento, o risco de escassez de produtos durante a Black Friday, no final de novembro, estĂ¡ descartado, mas o rio precisa subir novamente para garantir a normalidade das entregas de Natal, que começam no final deste mĂªs.

A seca em 2023, agravada pelo El Niño, superou as expectativas e pode ser a maior da histĂ³ria, afetando uma Ă¡rea ainda maior e prolongando-se atĂ© o final do primeiro semestre de 2024. Operadores logĂ­sticos nĂ£o tĂªm previsĂ£o de quando os grandes navios poderĂ£o entrar em Manaus novamente.

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Uma reuniĂ£o com a AgĂªncia Nacional de Transportes AquaviĂ¡rios (Antaq) e representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foi marcada para formar um comitĂª de crise na prĂ³xima sexta-feira (20/10).

Um levantamento interno identificou que apenas 4% das indĂºstrias da regiĂ£o enfrentaram algum impacto da seca atĂ© o momento, o que demonstra que a preparaĂ§Ă£o do setor estĂ¡ funcionando atĂ© agora. No entanto, a situaĂ§Ă£o pode piorar caso os trabalhos de dragagem nĂ£o se iniciem em breve.

A preocupaĂ§Ă£o Ă© que a situaĂ§Ă£o possa estar crĂ­tica atĂ© o final de novembro se nĂ£o for garantida uma profundidade mĂ­nima de 8 metros para a passagem dos navios.

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Ronaldo Siqueira/especial para o BNC Amazonas