Quarto preso por mortes no Javari conta como se aproximou de ‘Pelado’
Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, se entregou à polícia de São Paulo e confessou ter contribuído nos crimes contra indigenista e jornalista

Publicado em: 25/06/2022 às 11:15 | Atualizado em: 25/06/2022 às 11:29
O quarto suspeito do duplo assassinato no Vale do Javari (AM) foi preso nessa sexta-feira (24), em São Paulo. Gabriel Pereira Dantas, 26, se entregou à polícia após fugir por mais de 8 mil quilômetros entre o município de Atalaia do Norte (AM) e São Paulo.
Nos últimos três dias, Dantas vagou pela região da Sé, no centro da capital paulista, como um anônimo., conforme publicação do UOL.
O suspeito confessos era mais um morador de rua na área que concentra a maior população de pessoas sem domicílio fixo na cidade. Ao final da tarde de quinta-feira, 23, ele estava cercado por cinegrafistas e escoltado por policiais a caminho da superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo.
Em poucas horas, saiu do anonimato para a condição de suspeito pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Foi o próprio Dantas quem se apresentou para confessar participação no duplo homicídio. Ele procurou policiais na Praça de Sé e disse que queria se entregar.
O crime aconteceu há três semanas no Vale do Javari, no Amazonas, a mais de 5,4 mil quilômetros de São Paulo.
O suspeito foi levado ao 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, onde a delegada titular, Maria Cecília Castro Dias, tomou o depoimento.
Em sua versão, considerada verossímil pela Polícia Civil, ele passou os últimos dias em fuga. O objetivo seria chegar ao Rio de Janeiro.
Entre trechos percorridos de barco e de carona, Gabriel Dantas diz que cruzou três estados.
Ele afirma ter saído de Atalaia do Norte, no Amazonas, e viajado por Manaus (AM), Santarém (PA), Trairão (PA), Cuiabá (MT), Guarantã do Norte (MT) e Rondonópolis (MT) antes de chegar a São Paulo.
Usuário de drogas, também relatou ter passado por uma casa de acolhimento para dependentes químicos no Pará. O trajeto soma mais de 8,5 mil quilômetros.
No caminho, contou com a ajuda de um caminhoneiro, que chegou a abrigá-lo e a dar R$ 150 para ele passar os seus primeiros dias na capital paulista, sem saber que o homem era suspeito de participação no assassinato de Bruno e Dom. O caminhoneiro foi interrogado pela Polícia Civil em Goiás e confirmou a versão do suspeito.
Em depoimento à Polícia Civil, Dantas disse que morava em Manaus, mas se mudou para Atalaia do Norte depois de ter sido ameaçado por traficantes.
Afirmou que estava na cidade há poucos dias quando se envolveu no crime.
Recém-chegado, teria se aproximado de um homem conhecido como “Pelado” ao frequentar o Bar e Mercearia dos Amigos. Ainda não se sabe se ele se refere a Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, ou Jeferson da Silva, o Pelado da Dinha. Ambos foram presos na investigação das mortes de Bruno e Dom.
“É uma versão que tem fundamento”, afirmou o delegado Roberto Monteiro. “Ele relata com muita riqueza de detalhes.”
A Polícia Federal, que apura o caso, ainda não confirmou se ele está entre os suspeitos identificados na investigação.
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Foto: PC-SP/divulgação