Eleições no PT: correntes medem forças e projetam 2026

Correntes disputam comando do PT com visões distintas sobre Lula, economia e sucessão presidencial.

Social Midia

Publicado em: 06/07/2025 às 11:14 | Atualizado em: 06/07/2025 às 11:17

Neste domingo (06/7), o Partido dos Trabalhadores — legenda que comanda o Palácio do Planalto e abriga 2,9 milhões de filiados — realiza um dos momentos mais decisivos de sua história recente: a eleição direta para escolha dos dirigentes municipais, estaduais e da presidência nacional da sigla.

O processo, além de renovar lideranças, serve como termômetro das disputas internas que atravessam o PT e refletem diferentes visões sobre o governo Lula, a política econômica e o projeto presidencial para 2026.

Quatro nomes, quatro projetos

Na corrida pelo comando nacional, quatro candidatos expõem divergências significativas sobre o papel do PT dentro e fora do governo.

O ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, representa a corrente majoritária da legenda e tem o apoio velado do presidente Lula.

Com perfil pragmático, defende que o PT siga firme na esquerda, mas não rejeita alianças políticas. Na economia, adota postura moderada: defende cortes de gastos com critério e propõe apoio à política de Fernando Haddad e à condução do Banco Central por Gabriel Galípolo. “Não podemos normalizar a taxa de juros de 15%”, afirma.

Já o deputado federal Rui Falcão, ex-presidente do PT e principal nome da ala “Novo Rumo”, sustenta a necessidade de mais autonomia frente ao Planalto.

Com forte ligação com os movimentos sociais, Falcão aposta em uma frente ampla de esquerda e centro-esquerda para 2026, defende a taxação dos super ricos e critica isenções tributárias. “O PT ajuda mais a governar quando mantém seu programa do que virando puxadinho do governo”, afirma.

O historiador Valter Pomar, da corrente Articulação de Esquerda, adota posição mais radical. Para ele, o PT deve romper com alianças ao centro e intensificar as críticas à política econômica do governo.

Chama a política de déficit zero de “suicida” e classifica a nomeação de Galípolo para o BC como “escolha errada”. Pomar quer um PT com mais independência e mais à esquerda — ainda que isso custe alianças.

Romênio Pereira, da corrente Movimento PT e atual secretário de Relações Internacionais da sigla, não respondeu aos questionamentos da imprensa. Ligado a um setor minoritário do partido, sua candidatura é vista mais como uma marcação política do que uma alternativa viável à presidência nacional.

Um partido em ebulição

A disputa interna revela não apenas embates sobre nomes e estratégias, mas também sobre a própria identidade do partido.

As divergências sobre a relação com o governo Lula, o papel do PT na economia e o horizonte de alianças para 2026 escancaram um partido em ebulição, entre o pragmatismo da governabilidade e o desejo de reafirmar suas raízes militantes.

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O resultado das urnas internas deve sinalizar que tipo de legenda o PT quer ser diante do terceiro mandato de Lula — e qual será sua postura na corrida presidencial que se aproxima.

Entre o apoio incondicional, a crítica leal e o confronto programático, os caminhos propostos pelos candidatos traçam um panorama de escolhas cruciais para o maior partido de esquerda da América Latina.

*com informações extraídas do portal da CNN Brasil

Foto: Leo Oliveira/PT