Primeira delatora da Lava Jato Ă© presa em hotel de luxo de Portugal
Nelma Kodama foi detida no Ă¢mbito da OperaĂ§Ă£o Descobrimento, deflagrada para combater o trĂ¡fico internacional de drogas

Publicado em: 19/04/2022 Ă s 10:09 | Atualizado em: 19/04/2022 Ă s 10:09
A doleira Nelma Kodama, ex-namorada do tambĂ©m doleiro Alberto Youssef, foi presa pela PolĂcia Federal nesta terça-feira em um hotel de luxo de Portugal. Ela foi a primeira delatora da Lava-Jato e condenada a 18 anos de prisĂ£o em 2014.
Nelma foi detida no Ă¢mbito da OperaĂ§Ă£o Descobrimento, deflagrada para combater o trĂ¡fico internacional de drogas. Os agentes cumprem mandados em cinco estados brasileiros – Bahia, SĂ£o Paulo, Mato Grosso, RondĂ´nia, Pernambuco – e Portugal.
As investigações tiveram inĂcio em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de tĂ¡xi aĂ©reo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. ApĂ³s inspeĂ§Ă£o, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaĂna escondidos na fuselagem da aeronave.
A PF identificou a estrutura da organizaĂ§Ă£o criminosa atuante nos dois paĂses. O grupo era composto por fornecedores de cocaĂna, mecĂ¢nicos de aviaĂ§Ă£o e auxiliares, transportadores e doleiros, encarregados da movimentaĂ§Ă£o financeira.
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela justiça portuguesa. AlĂ©m de mandados de buscas e apreensĂ£o e de prisĂ£o preventiva, foram decretados o sequestro de imĂ³veis e bloqueios de valores em contas bancĂ¡rias usadas pelos investigados.
Nelma foi acusada de atuar em parceria com Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões em valores da Ă©poca. Depois de cumprir cinco anos de pena por organizaĂ§Ă£o criminosa, lavagem de dinheiro e corrupĂ§Ă£o ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em 2019 da tornozeleira eletrĂ´nica que usou por trĂªs anos.
Endividada, a doleira chegou a montar um bazar de peças das grifes mais caras do mundo, quando devia Ă Justiça mais de R$ 100 milhões em multas pelos crimes de sonegaĂ§Ă£o fiscal, em reparaĂ§Ă£o de danos apurados pela Lava-Jato e impostos retroativos. Nos tempos de milionĂ¡ria, ela movimentava em um Ăºnico mĂªs cerca de US$ 200 milhões sem documentaĂ§Ă£o.
Nelma foi presa em 2014 no Ă¢mbito da Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, quando tentava embarcar no aeroporto de Guarulhos, em SĂ£o Paulo.
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Foto:  Jefferson Coppola/ ReproduĂ§Ă£o O Globo