Por reeleição, núcleo de campanha de Bolsonaro mira subsídio para combustível
Núcleo de campanha pressiona equipe econômica para evitar que alta no preço dos combustíveis manche imagem de Bolsonaro em ano eleitoral

Publicado em: 12/03/2022 às 12:34 | Atualizado em: 12/03/2022 às 12:47
O núcleo de campanha que trabalha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a pressionar a equipe econômica do governo para que o ministro Paulo Guedes encontre solução para as recorrentes altas no preço dos combustíveis. É o que destaca reportagem do Metrópoles neste sábado (12).
Conforme visão do grupo, a pauta terá reflexo nas eleições deste ano, e os sucessivas aumentos no valor desses insumos podem manchar a imagem do presidente, além de dificultar o plano do mandatário de seguir no comando do país.
Desse modo, segundo interlocutores, o Palácio do Planalto quer que o Ministério da Economia crie novo programa de subsídio para os combustíveis, caso a sanção do projeto de lei que altera a regra de incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre combustíveis não seja suficiente para conter a alta nos preços, e o conflito entre Rússia e Ucrânia dure mais do que o esperado.
“Se nada funcionar, Guedes terá de atender aos pedidos. Não tem jeito”, disse um aliado político do governo.
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No entanto, a equipe econômica pede calma e tempo, e condiciona o subsídio ao fato de a guerra se estender até “meados de abril”.
Segundo projeções internas do Ministério da Economia, o conflito não deve durar muito tempo, uma vez que, segundo integrantes da pasta, os dois países não têm condições de dar continuidade ao confronto.
Alta
O Brasil já vinha sofrendo com a alta no valor dos combustíveis, e a invasão russa de território ucraniano agravou o cenário, uma vez que o conflito resulta na elevação do preço internacional do barril do petróleo. A Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo.
Em razão da guerra, por exemplo, a Petrobrás anunciou, na última semana, novo reajuste dos preços nas refinarias; alta de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel.
Diante da pressão da ala política, Guedes se viu obrigado a admitir, em público, que o governo pode vir a subsidiar os combustíveis caso o conflito no Leste Europeu se prolongue.
“Nós vamos nos mover de acordo com a situação. Se isso [a guerra] se resolver em 30 ou 60 dias, a crise estaria mais ou menos endereçada. Agora, vai que isso se precipita e vira uma escalada? Aí sim, você começa a pensar em subsídio para o diesel”, afirmou o ministro na quinta-feira (10).
Subsídio
A ideia é que o programa tenha validade de até seis meses, a fim de compensar a alta do petróleo no mercado internacional e evitar o repasse do preço para as bombas.
De acordo com a proposta do governo federal, a ideia é estipular um valor fixo de referência para a cotação dos combustíveis e subsidiar a diferença entre esse montante e a cotação internacional do petróleo. O pagamento seria feito a produtores e importadores de combustíveis.
Além disso, a equipe econômica também pensa em segurar o aumento dos preços dos combustíveis para o consumidor final, usando o lucro da Petrobrás registrado em 2021.
Há duas semanas, a estatal informou ter registrado lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021. Em 2020, reportou ganhos de R$ 31,504 bilhões.
O presidente Jair Bolsonaro já defendeu a medida e disse que a petroleira “sabe o que fazer” para que o preço dos combustíveis não dispare em território brasileiro.
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Foto: Clauber Caetano /Presidência da República