PF passa a investigar propina de R$ 4 milhões para senador da CPI

O senador Renan Calheiros foi delatado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em nome da necessidade de "apoio financeiro" de empresas

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Publicado em: 02/08/2021 às 19:21 | Atualizado em: 02/08/2021 às 19:21

A Polícia Federal (PF) apura se o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da covid (coronavírus), recebeu parte de uma propina de R$ 4 milhões supostamente paga pelo Consórcio Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba (SP). O pagamento foi feito por meio de um contrato com a Transpetro, subsidiária da Petrobrás.

O inquérito, em tramitação no STF desde maio de 2020, investigava inicialmente se Renan havia recebido doações eleitorais ilícitas por empresas do consórcio, mas o desenrolar das apurações levou a PF a reformular a linha de investigação, que por ora descartou irregularidades nos repasses eleitorais. 

Em relatório parcial enviado no fim da semana passada ao Supremo, a delegada Lorena Lima Nascimento informa que a mudança no rumo do inquérito está baseada sobretudo em relatos de Sérgio Machado, ex-senador e ex-presidente da Transpetro, que tinha apoio político de Renan e do chamado “MDB do Senado” para permanecer no cargo.

Delação

À frente da estatal entre 2003 e 2015, Machado fechou uma delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2016.

No documento, a delegada pede ao relator do inquérito na corte, ministro Edson Fachin, mais prazo para concluir as diligências da apuração, incluindo o depoimento do próprio Renan Calheiros. 

Segundo Machado, após a assinatura do contrato com o Consórcio Estaleiro Rio Tietê para construção de barcaças, em 23 de novembro de 2010, ele pediu ao empresário Wilson Quintella, sócio-administrador do consórcio, em torno de 1% de propina sobre acerto.

A propina

O valor equivalia a cerca de R$ 4 milhões e foi pago em espécie, de acordo com o delator.

Sérgio Machado explicou o pedido de valores a partir da necessidade de “apoio financeiro” das empresas para que ele mantivesse o “apoio institucional” dos políticos na presidência da estatal, entre eles Renan Calheiros. 

Conforme o depoimento de Quintella, Machado lhe pediu pagamentos a título de “contribuição”, “doação” ou “apoio político” e a operacionalização dos repasses ficou a cargo de um homem chamado Antonio Kanji. O empresário disse não ter conhecimento sobre como os pagamentos eram feitos.

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Foto: Jane Araújo/Agência Senador