Pazuello enganou Opas com queda de 70% das mortes com uso de cloroquina
Ex-ministro da Saúde apresentou dados sem comprovação à entidade internacional, conforme documento enviado pelo próprio governo à CPI da covid

Publicado em: 12/06/2021 às 19:01 | Atualizado em: 12/06/2021 às 19:01
Em documentos que recebeu do Ministério das Relações Exteriores, a CPI da covid detectou mais uma mentira do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à Opas. É a de que o Brasil teria reduzido em 70% as mortes pelo coronavírus com o “tratamento precoce” da cloroquina, sobretudo, e outras drogas do kit covid.
A vítima da mentira foi a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Conforme o G1, isso aconteceu em 16 de outubro de 2020, em reunião de Pazuello com a entidade internacional. Nesse dia, o Brasil tinha 153,2 mil vidas perdidas para a covid.
Além de não apresentar provas do que afirmava, o general não informava dados científicos à Opas, de acordo com o documento em poder da CPI.
Assim como Pazuello, o presidente da República, Jair Bolsonaro, é ardoroso defensor da cloroquina e outros remédios que não funcionam contra a doença.
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O próprio Ministério das Relações Exteriores, portanto, é claro em apontar a falha de Pazuello.
“[Na reunião com a Opas, Pazuello] avaliou que a primeira orientação das autoridades sanitárias no início da pandemia ao redor do mundo, no sentido de que as pessoas ficassem em casa e só procurassem um hospital se estivesse muito doentes, criou uma situação de grave negligência no tratamento de diversas doenças, e teria se mostrado equivocado. Especificamente em relação à covid-19, apontou que o Brasil conseguiu diminuir em 70% a proporção de óbitos com a adoção de tratamento precoce”.
Esse é um trecho do documento a que a CPI da covid agora se debruça nas investigações das falas de Pazuello. Conforme o comando da comissão, essa foi mais uma das omissões do depoimento do ex-ministro.
Foto: Ariel Costa/Divulgação