Pazuello diz que vacina na fase 1 Ă© sĂ³ para 34% do pessoal da saĂºde
Um dos focos especĂficos da "primeira fase" da vacinaĂ§Ă£o Ă© atender 34% dos trabalhadores da saĂºde, apenas aqueles que atuam diretamente na linha de frente contra a pandemia

Publicado em: 08/02/2021 Ă s 18:23 | Atualizado em: 08/02/2021 Ă s 18:25
O MinistĂ©rio da SaĂºde alertou nesta segunda-feira (08) que as “primeiras etapas” da campanha nacional de vacinaĂ§Ă£o contra a covid-19 nĂ£o tĂªm previsĂ£o de atender 100% dos profissionais de saĂºde.
Segundo o alerta do governo enviado para estados e municĂpios, um dos focos especĂficos da “primeira fase” da vacinaĂ§Ă£o Ă© atender 34% dos trabalhadores da saĂºde, apenas aqueles que atuam diretamente na linha de frente contra a pandemia.
AlĂ©m deles, o governo tambĂ©m cita como prioridade inicial: “pessoas idosas residentes em instituições de longa permanĂªncia (institucionalizadas)”, “pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiĂªncia, residentes em ResidĂªncias Inclusivas (institucionalizadas)”, e “populaĂ§Ă£o indĂgena vivendo em terras indĂgenas.”
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Na mais recente versĂ£o do PNI, o governo delimitou ao todo 27 grupos com 77 milhões de pessoas, mas definiu apenas quatro como os participantes da “primeira fase” da campanha. NĂ£o hĂ¡ menĂ§Ă£o no plano a novas fases ou a uma nova ordem entre os grupos prioritĂ¡rios. O MinistĂ©rio afirma que estados e municĂpios tĂªm liberdade para fazer ajustes na lista, mas que as doses sĂ£o enviadas conforme os pĂºblicos-alvo, e o uso incorreto pode levar Ă falta do imunizante para os prioritĂ¡rios.
Nesta segunda, uma decisĂ£o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou que o governo defina a ordem de grupos prioritĂ¡rios. Ao contrĂ¡rio da versĂ£o anterior do PNI, o atual texto nĂ£o detalha as demais fases da campanha e quais pĂºblicos devem ser vacinados em cada uma.
O alerta do MinistĂ©rio da SaĂºde que cita o caso dos profissionais da saĂºde foi enviado aos representantes de estados e municĂpios antes de ser divulgada a determinaĂ§Ă£o do ministro do STF. O texto da pasta nĂ£o tem o detalhamento pedido por Lewandowski. O ofĂcio ministerial foi endereçado aos presidentes de trĂªs Ă³rgĂ£os: Conselho Nacional de SecretĂ¡rios de SaĂºde (Conass), Conselho Nacional das Secretarias Municipais de SaĂºde (Conasems), Conselhos das Secretarias Municipais de SaĂºde (Cosems).
Lista de vacinaĂ§Ă£o ampliada
Em alguns estados e municĂpios, a vacinaĂ§Ă£o jĂ¡ abrange uma lista ampla de profissionais da saĂºde, incluindo trabalhadores que nĂ£o atuam na linha de frente contra a Covid. Em SĂ£o Paulo, das 39 cidades da regiĂ£o metropolitana, 21 escolheram nĂ£o priorizar apenas os profissionais de saĂºde da linha de frente do combate Ă Covid-19, de acordo com levantamento feito pela TV Globo.
Apesar de o PNI descrever uma lista extensa de trabalhadores elegĂveis para vacina (mĂ©dicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biĂ³logos, biomĂ©dicos, farmacĂªuticos, odontĂ³logos, fonoaudiĂ³logos, psicĂ³logos, assistentes sociais, profissionais da educaĂ§Ă£o fĂsica, mĂ©dicos veterinĂ¡rios e seus respectivos tĂ©cnicos e auxiliares), hĂ¡ no plano uma recomendaĂ§Ă£o direta: no chamada “Anexo I” do texto, o governo pede que seja feito o levantamento dos envolvidos na “resposta pandĂªmica” e pede que seja solicitado documento que comprove a “vinculaĂ§Ă£o ativa” do profissional com o serviço de saĂºde.
Em outro ponto, o PNI jĂ¡ fazia a ressalva contra uma vacinaĂ§Ă£o ampla dos profissionais de saĂºde.
“Cabe esclarecer que TODOS os trabalhadores da saĂºde serĂ£o contemplados com a vacinaĂ§Ă£o, entretanto a ampliaĂ§Ă£o da cobertura desse pĂºblico serĂ¡ gradativa, conforme disponibilidade de vacinas”, Plano Nacional de Imunizações (PNI)
O G1 questionou o ministĂ©rio se hĂ¡ previsĂ£o de divulgaĂ§Ă£o de novas listas de grupos prioritĂ¡rios para outras etapas da vacinaĂ§Ă£o, alĂ©m de pedir detalhamento sobre qual seria a correta previsĂ£o para a vacinaĂ§Ă£o dos profissionais de saĂºde que nĂ£o atuam na linha de frente, mas nĂ£o obteve resposta atĂ© a mais recente atualizaĂ§Ă£o desta reportagem.
Grupos prioritĂ¡rios
De acordo com o MinistĂ©rio, a vacinaĂ§Ă£o contra Covid no Brasil começou “com quantitativo bastante limitado de doses de vacina, direcionadas para cobrir inicialmente”:
- “34% dos trabalhadores da saĂºde (priorizando equipes de vacinaĂ§Ă£o envolvidas na primeira etapa e trabalhadores de unidades envolvidas diretamente na atenĂ§Ă£o/referĂªncia para os casos suspeitos e confirmados de covid-19)”;
- “pessoas idosas residentes em instituições de longa permanĂªncia(institucionalizadas)”;
- “pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiĂªncia, residentes em ResidĂªncias Inclusivas (institucionalizadas)”;
- e “populaĂ§Ă£o indĂgena vivendo em terras indĂgenas.”
O MinistĂ©rio da SaĂºde admite que os estados podem fazer a “estratificaĂ§Ă£o” do pĂºblico segundo suas respectivas realidades locais, mas a pasta diz que as alterações podem afetar a cobertura vacinal.
“Para as UF e MunicĂpios que venham a alterar a ordem de priorizaĂ§Ă£o dos grupos para vacinaĂ§Ă£o, cabe informar que o MinistĂ©rio da SaĂºde nĂ£o poderĂ¡ dispor de quantitativos extras de doses da vacina COVID-19, tendo em vista os cronogramas de entregas dos laboratĂ³rios produtores, assumindo-se assim os riscos de eventuais faltas de vacina para os respectivos grupos”, nota do MinistĂ©rio da SaĂºde.
compartilhando informações
No ofĂcio, o MinistĂ©rio da SaĂºde diz que “(…) estĂ£o sendo priorizados primeiramente os grupos de maior risco para agravamento pela doença caso venham a se infectar.
AlĂ©m disso, Ă© necessĂ¡rio preservar a força de trabalho para manutenĂ§Ă£o dos serviços de saĂºde. E, em seguimento, vacinaĂ§Ă£o das populações de maior vulnerabilidade e exposiĂ§Ă£o aos impactos da pandemia e dos trabalhadores dos serviços essenciais.”
O MinistĂ©rio defende que “nĂ£o seguir a ordem priorizada pelo PNI pode acarretar na falta de vacinas para os grupos de maior risco de adoecimento e Ă³bito pela Covid-19”.
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Foto: divulgaĂ§Ă£o