Oitavo dia, ‘segurança nacional’ não dá resposta e família acusa policiais
Enquanto familiares do jornalista Dom Phillips dizem que "ele não está mais entre nós", os do pescador Pelado acusam policiais de tortura e agressões

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 12/06/2022 às 13:18 | Atualizado em: 12/06/2022 às 13:27
O desaparecimento do servidor federal Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips chega ao oitavo dia neste domingo (12). A megaoperação das forças de “segurança nacional” dos governos federal e do Amazonas, portanto, não conseguiu êxito até o final da manhã de hoje. E agora, o morador do Vale do Javari preso “para averiguação” teria sido vítima de tortura por parte de policiais, conforme seus familiares.
“Bateram bastante nele. Ficaram julgando ele, para que ele falasse algo. Saiu de lá apagado”.
É o que acusa Eliclei Oliveira, irmão de Amarildo, o “Pelado”, preso preventivamente por ordem da Justiça do Amazonas por 30 dias.
Conforme ele, que é conhecido por “Sirinha”, o irmão foi bastante agredido por policiais no momento da prisão.
Além disso, ele teria sido levado a um igarapé e afogado várias vezes.
Para não haver registro da tortura, sobretudo, Sirinha disse que impediram o uso de celular.
“Em Atalaia [do Norte, município], ele não conseguia nem sair da ‘baleeira’ [embarcação]. Chegou todo roxo, massacraram ele bastante”.
Apostando que vai ser provada a inocência de Amarildo, a quem se refere como pescador e agricultor, Sirinha afirmou que o irmão não tinha arma proibida. Dessa maneira, rebate o que disse a polícia.
“Aqui eles apreenderam ‘chumbinho’ e uma capa de cartucho calibre 16”. Igualmente, nega que o irmão tenha arma de fogo.
Da mesma forma, contesta a versão de que Pelado trocou tiros com policiais.
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Juíza sabe da denúncia
Conforme a Folha, Pelado relatou a agressão e tortura à juíza Jacinta dos Santos em audiência. Ela foi a que determinou a prisão temporária.
Por causa das agressões, ele disse à juíza que chegou a desmaiar na lancha que o transportou a Atalaia do Norte.
De outra parte, contudo, a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) aponta que os irmãos estão entre os envolvidos que já tiveram atritos com a entidade durante fiscalização de pesca em terra dos índios.
A família Oliveira é uma das dez que habitam a pequena vila de São Gabriel, à margem do rio Itaquaí.
Leia reportagem de Vinicius Sassine para a Folha de S.Paulo, direto do Vale do Javari (AM), nesta manhã do oitavo dia de buscas.
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Foto: divulgação/Comando Militar da Amazônia