Metade dos municĂpios do paĂs nĂ£o suporta seca ou enchente anormal
Prefeitos alegam falta de recursos financeiros como principal obstĂ¡culo para a devida preparaĂ§Ă£o.

Publicado em: 21/05/2024 Ă s 12:15 | Atualizado em: 21/05/2024 Ă s 12:17
Um estudo da ConfederaĂ§Ă£o Nacional dos MunicĂpios (CNM) divulgado nesta segunda-feira (20/5) acende um alerta preocupante: quase metade dos municĂpios brasileiros (43%, o que representa 2.299 cidades) nĂ£o estĂ¡ preparada para lidar com eventos climĂ¡ticos extremos como secas, inundações, alagamentos e deslizamentos de encostas.
A falta de recursos financeiros Ă© apontada como principal obstĂ¡culo para a devida preparaĂ§Ă£o, segundo a pesquisa que ouviu 3.590 municĂpios.
Em entrevista coletiva, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, destacou o trabalho dos prefeitos no enfrentamento a esses desastres, mas tambĂ©m criticou a histĂ³rica “muita promessa e pouca execuĂ§Ă£o” por parte do governo federal.
Ele ressaltou que, apesar da necessidade de um preparo nacional, a responsabilidade pelos efeitos climĂ¡ticos recai, na prĂ¡tica, sobre os municĂpios.
“Dos 3.590 municĂpios que responderam Ă pesquisa, 2.474, ou seja, 69%, nĂ£o receberam nenhum recurso financeiro nem da UniĂ£o nem dos estados para auxiliar em ações de prevenĂ§Ă£o de eventos climĂ¡ticos extremos”, alertou Ziulkoski.
Para auxiliar no combate aos desastres climĂ¡ticos, a CNM anunciou o lançamento de duas ferramentas nesta terça-feira (21/5). As medidas fazem parte da 25ª Marcha a BrasĂlia em Defesa dos MunicĂpios, movimento polĂtico que busca ampliar a partilha de receitas para o poder local.
Prefeitos querem mais dinheiro
AlĂ©m do lançamento das ferramentas de combate aos desastres climĂ¡ticos, a CNM tambĂ©m defende outras medidas para fortalecer os municĂpios. Entre elas estĂ£o:
Refis (parcelamento) de dĂ©bitos previdenciĂ¡rios: a entidade busca uma soluĂ§Ă£o para os precatĂ³rios e a equiparaĂ§Ă£o das regras da reforma da PrevidĂªncia da UniĂ£o para os municĂpios, com a aprovaĂ§Ă£o da PEC 66 de sustentabilidade fiscal.
ManutenĂ§Ă£o da alĂquota da contribuiĂ§Ă£o previdenciĂ¡ria dos municĂpios em 8% para 2024 e aumento gradual nos anos seguintes: a proposta da CNM prevĂª que a alĂquota suba para 10%, 12% e 14% nos anos subsequentes. Segundo Ziulkoski, “esse aumento que estamos pedindo nĂ£o Ă© para nĂ³s, Ă© para a sociedade”.
AuxĂlio na organizaĂ§Ă£o das eleições municipais: a CNM nĂ£o tem posiĂ§Ă£o sobre prorrogaĂ§Ă£o de mandato e de data, mas alerta que 500 urnas jĂ¡ foram destruĂdas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. “NĂ£o sei atĂ© que ponto os tribunais vĂ£o poder avaliar isso. Teria que ser uma discussĂ£o nacional”, pondera Ziulkoski.
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Marcha dos prefeitos em BrasĂlia conta com presença de Lula, Lira e Pacheco
A Marcha a BrasĂlia em Defesa dos MunicĂpios, que acontece de 20 a 23 de maio, espera reunir cerca de 10 mil pessoas, incluindo o presidente da RepĂºblica, Luiz InĂ¡cio Lula da Silva, os presidentes da CĂ¢mara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, alĂ©m de ministros de Estado e outras autoridades.
CNM critica governo federal
Em entrevista anterior Ă Folha de S.Paulo, Ziulkoski jĂ¡ havia criticado a falta de ajuda federal ao Rio Grande do Sul apĂ³s as enchentes que devastaram o estado em janeiro deste ano. Ele lamentou a burocracia e defendeu repasses via Pix para agilizar o auxĂlio Ă s vĂtimas.
O presidente da CNM tambĂ©m considerou que houve demora por parte da UniĂ£o na resposta ao desastre, sem culpar diretamente o presidente Lula. “Faltou exatamente a dimensĂ£o da gravidade do problema nos primeiros dias, quando houve a grande mortandade dos desaparecidos”, afirmou.
DiĂ¡logo
Apesar das crĂticas, a CNM mantĂ©m diĂ¡logo com o governo federal em busca de soluções para os problemas dos municĂpios. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, jĂ¡ aceitou manter a alĂquota da contribuiĂ§Ă£o previdenciĂ¡ria em 8% para 2024, mas cobra que ela volte ao patamar normal de 20% nos prĂ³ximos anos.
A luta da CNM por mais recursos e medidas de apoio aos municĂpios Ă© fundamental para garantir que as cidades brasileiras estejam preparadas para enfrentar os desafios cada vez mais frequentes dos eventos climĂ¡ticos extremos. A uniĂ£o de esforços entre os governos federal, estadual e municipal Ă© crucial para proteger a populaĂ§Ă£o e garantir o desenvolvimento sustentĂ¡vel do paĂs.
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Foto: DivulgaĂ§Ă£o/Secom