Ministério não queria “protagonismo” de Dória na vacinação, mostra CPI

Em novembro, data do documento, o governo federal ainda não tinha fechado com o Instituto Butantan o acordo para compra de doses da vacina

ministerio, protagonismo, doria, vacinacao

Publicado em: 11/06/2021 às 18:32 | Atualizado em: 11/06/2021 às 18:32

O Ministério da Saúde não queria o “protagonismo” do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), no calendário de vacinação no país, indica documentos enviados à CPI da covid obtidos pela TV Globo.

A informação consta em documento interno que circulou no ministério em 2020 e tratava sobre a estratégia de comunicação da pasta na pandemia. 

O documento é intitulado “Novembro 2020_Planejamento em comunicação anúncio CoronaVac”. 

Em novembro, o governo federal ainda não tinha fechado com o Butantan o acordo para compra de doses da vacina. Era um período em que o presidente Jair Bolsonaro, em disputa política com Dória, desdenhava da “vacina chinesa”. 

No documento, o ministério faz um diagnóstico sobre a atuação de Dória a favor da CoronaVac. 

“São Paulo domina pela sensação de ‘segurança’ ao anunciar mês e data para ter uma vacina”, afirmou a pasta. 

Na época, o governo federal só tinha contrato com a AstraZeneca/Oxford e com o consórcio Covax Facility, mas ainda não tinha uma data de quando as doses começariam a chegar. 

O documento prevê que se intensificariam as cobranças ao governo federal sobre uma data para a vacinação.

Cronograma

Uma das alternativas apresentadas pelo planejamento da pasta foi não apontar um dia específico, mas sim dizer que o cronograma estaria aberto e que o ministério estaria pronto para vacinar assim que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovasse o imunizante. 

Nesse ponto do documento, o ministério aponta o que seria um ponto negativo dessa estratégia: 

“Deixa o protagonismo do calendário com Dória e laboratórios”, escreveu a Saúde.

O documento do Ministério da Saúde disse ainda que “na imprensa, a narrativa da ‘politização’ marca o debate sobre vacinas e se intensifica progressivamente em decorrência das movimentações do governador de São Paulo, João Doria”.

A CoronaVac é produzida pelo Butantan em parceria como laboratório chinês Sinovac. O contrato do Butantan com o governo federal foi fechado só em janeiro de 2021.  

Leia mais no G1

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado