De cada 10 médicos formados no Norte, 6 deixam estados 

RegiĂ£o Ă© que a menos tem mĂ©dicos no paĂ­s, e o Acre chega a ser acima da mĂ©dia negativa 

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Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas 

Publicado em: 09/07/2022 Ă s 12:15 | Atualizado em: 09/07/2022 Ă s 12:15

A regiĂ£o Norte tem a pior mĂ©dia do Brasil de mĂ©dicos por 100 mil habitantes. SĂ£o apenas 1,4, enquanto a mĂ©dia nacional Ă© de 2,7 atĂ© este junho. Uma das causas pode ser a forte evasĂ£o dos profissionais formados pelas faculdades nos estados. De cada 10 que concluem o curso de medicina nos estados nortistas, 6 deles preferem se registrar em outras regiões. 

Dessa forma, nem a interiorizaĂ§Ă£o e expansĂ£o dos cursos nĂ£o tĂªm garantido a fixaĂ§Ă£o de mĂ©dicos na regiĂ£o menos assistida.  

Mesmo com a ampliaĂ§Ă£o do nĂºmero de formados, alguns estados chegam a perder atĂ© mais de 60% dos recĂ©m-formados. Por exemplo, o Acre, onde a evasĂ£o Ă© de 62%. 

De 240 alunos que se formaram em medicina entre 2018 e 2021, 62,9% foram para outros estados para começar a atuar na profissĂ£o. 

Conforme a Folha de S.Paulo, a ampliaĂ§Ă£o dos cursos de medicina se intensificou no paĂ­s a partir de 2013, com a lei do Mais MĂ©dicos. O argumento era de que a abertura de escolas mĂ©dicas em regiões mais desassistidas traria retenĂ§Ă£o dos profissionais. 

A ideia nĂ£o sĂ³ nĂ£o funcionou como criou um problema a mais. Entidades mĂ©dicas temem que disputa bilionĂ¡ria entre grupos educacionais possa ampliar a concentraĂ§Ă£o dos mĂ©dicos no Sul e Sudeste do paĂ­s.

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EvasĂ£o judicializada 

Essa disputa chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) no fim de junho.

De acordo com as ações, centenas de faculdades particulares tĂªm conseguido autorizaĂ§Ă£o judicial para abrir cursos de medicina.

O questionamento, portanto, Ă© que estes nĂ£o atendem critĂ©rios regionais do Mais MĂ©dicos. 

AlĂ©m disso, atropelam essas autorizações moratĂ³ria de 2018, quando o governo Michel Temer (MDB) impediu novas autorizações de vagas em medicina atĂ© abril de 2023.  

A suspensĂ£o tinha como objetivo conter o avanço de cursos sem qualidade no paĂ­s. 

“O que se vĂª no Brasil Ă© a criaĂ§Ă£o de um verdadeiro negĂ³cio no processo de abertura, com exclusivo interesse privado”, disse o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), JosĂ© Hiran Gallo. 

Um levantamento feito pelo CFM identificou que os estados com menor proporĂ§Ă£o de mĂ©dicos tĂªm uma alta migraĂ§Ă£o de recĂ©m-formados. 

Leia estudo completo na Folha de S.Paulo. 

Foto: Prefeitura de Boa Vista