Maconha: STF para julgamento em 5 a 3 com pedido de vista de Tofolli

Data para retomada do julgamento nĂ£o foi definida

Publicado em: 06/03/2024 Ă s 18:27 | Atualizado em: 06/03/2024 Ă s 18:27

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (6) o julgamento sobre a descriminalizaĂ§Ă£o do porte de drogas. A data para retomada do julgamento nĂ£o foi definida.

A anĂ¡lise do caso foi interrompida por um pedido de vista feito pelo ministro Dias Toffoli. Antes da interrupĂ§Ă£o, o julgamento estĂ¡ 5 votos a 3 para a descriminalizaĂ§Ă£o somente do porte de maconha para uso pessoal.

O julgamento estava suspenso desde agosto do ano passado, quando o ministro André Mendonça também pediu mais tempo para analisar o caso.

Na tarde de hoje, Mendonça votou contra a descriminalizaĂ§Ă£o do porte de drogas para consumo pessoal.

Ao votar contra a descriminalizaĂ§Ă£o, o ministro disse que a questĂ£o deve ser tratada pelo Congresso. “Vamos jogar para um ilĂ­cito administrativo. Qual autoridade administrativa? Quem vai conduzir quem? Quem vai aplicar a pena? Na prĂ¡tica, estamos liberando o uso”, questionou. 

Em seguida, o ministro Nunes Marques tambĂ©m votou contra a descriminalizaĂ§Ă£o.

Ao divergir da maioria, o ministro argumentou que o questionamento sobre a criminalizaĂ§Ă£o do porte, previsto na Lei de Drogas, nĂ£o tem “consistĂªncia jurĂ­dica”, e a descriminalizaĂ§Ă£o sĂ³ pode ser alterada pelo Congresso.

“NĂ£o considero que a leitura abstrata do direito fundamental Ă  intimidade tenha alcance de proibir a tipificaĂ§Ă£o penal pelo legislador”, afirmou. 

Em 2015, quando o julgamento começou, os ministros começaram a analisar a possibilidade de descriminalizaĂ§Ă£o do porte de qualquer tipo de droga para uso pessoal. No entanto, apĂ³s os votos proferidos, a Corte caminha para restringir somente para a maconha.

Conforme os votos proferidos atĂ© o momento, hĂ¡ maioria para fixar uma quantidade de maconha para caracterizar uso pessoal, e nĂ£o trĂ¡fico de drogas, que deve ficar entre 25 e 60 gramas ou seis plantas fĂªmeas de cannabis. A quantidade serĂ¡ definida quando o julgamento for finalizado.

Nas sessões anteriores, jĂ¡ votaram nesse sentido os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, LuĂ­s Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber (aposentada).

Cristiano Zanin votou contra a descriminalizaĂ§Ă£o, mas defendeu a fixaĂ§Ă£o de uma quantidade mĂ¡xima de maconha para separar criminalmente usuĂ¡rios e traficantes.

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Flagrante

Durante o julgamento, o ministro Alexandre de Moraes fez um aparte e destacou as consequĂªncias da eventual decisĂ£o da Corte a favor da descriminalizaĂ§Ă£o.

“A polĂ­cia nĂ£o poderĂ¡ entrar no domicĂ­lio de alguĂ©m que esteja com maconha para uso prĂ³prio, porque nĂ£o Ă© mais flagrante. TambĂ©m nĂ£o permite que a pessoa fume maconha dentro do cinema”, afirmou.

NĂ£o Ă© legalizaĂ§Ă£o

Na abertura da sessĂ£o, o presidente do STF, ministro LuĂ­s Roberto Barroso, destacou que o Supremo nĂ£o estĂ¡ discutindo a legalizaĂ§Ă£o das drogas. O ministro explicou que a lei definiu que o usuĂ¡rio nĂ£o vai para a prisĂ£o, e a Corte precisa definir a quantidade de drogas que nĂ£o serĂ¡ considerada trĂ¡fico. Barroso tambĂ©m destacou que o trĂ¡fico de drogas precisa ser combatido.

“NĂ£o estĂ¡ em discussĂ£o no STF a questĂ£o da legalizaĂ§Ă£o de drogas. É uma compreensĂ£o equivocada que foi difundida por desconhecimento e tem se difundido, Ă s vezes, intencionalmente”, afirmou.

Foto: lovingimages/ Pixabay