Lideranças indígenas insatisfeitas com favorita de Bolsonaro na ONU

Publicado em: 24/09/2019 às 18:08 | Atualizado em: 24/09/2019 às 18:08
Causou insatisfação política em lideranças indígenas do Xingu a ida a Nova York da youtuber Ysani Kalapalo na comitiva do presidente Jair Bolsonaro participar da Assembleia Geral da ONU. Para Bolsonaro, a indígena representa diversas lideranças. O Xingu respondeu com carta de 14 caciques, discordando do presidente e repudiando a escolha da favorita dele nascida na região.
No discurso na ONU, segundo o site Congresso em Foco, o presidente afirmou que os indígenas não querem ser “latifundiários pobres em cima de terra rica” e citou as reservas minerais estimadas nos territórios Yanomami e Raposa Serra do Sol.
“Muitas comunidades estão sedentas para que desenvolvimento ocorra sem amarras ideológicas e burocráticas”, mencionou o Bolsonaro, que também associou a situação pobreza de povos indígenas ao “ambientalismo radical e indigenismo ultrapassado”, destacou o Congresso em Foco.
“O governo brasileiro ofende as lideranças indígenas do Xingu e do Brasil ao dar destaque a uma indígena que vem atuando constantemente em redes sociais com objetivo único de ofender e desmoralizar as lideranças e o movimento indígena do Brasil”, afirmam os povos indígenas do Xingu.
Em outro ponto do documento, de acordo com a publicação, os xinguanos reivindicam a autonomia para escolherem, segundo suas tradições, as lideranças que poderão falar em nome dos povos.
“Os 16 povos indígenas do Território Indígena do Xingu através de seus caciques reafirmam seu direito de autonomia de decisão através de seu próprio sistema de governança composto por todos os principais caciques dos povos xinguanos”.
Bolsonaro também atacou a figura de Raoni Metuktire, reconhecido por muitos como uma das maiores lideranças indígenas do Brasil. “Acabou o monopólio do senhor Raoni”, discursou Bolsonaro ao fim da leitura.
As mulheres indígenas do Xingu, também publicaram uma carta de repúdio, tanto pela escolha de Ysani, quanto pelas críticas que o presidente fez ao líder Raoni.
Assinam a carta os caciques Tafukuma Kalapalo (Povo Kalapalo) Aritana Yawalapiti, (Povo Yawalapiti), Afukaká Kuikuro (Povo Kuikuro), Kotok Kamaiurá, (Povo Kamaiurá), Atakaho Waurá (Povo Wauja), Tirefé Nafukuá (Povo Nafukua), Arifira Matipu (Povo Matipu), Awajatu Aweti (Povo Aweti), Mayukuti Mehinako (Povo Mehinako) Kowo Trumai (Povo Trumai), Melobo Ikpeng (Povo Ikpeng), Kuiussi Suya (Povo Kisedje), Sadeá Yudjá (Povo Yudja) e Mairawe Kaiabi (Povo Kawaiwete).
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Foto: Divulgação/Twitter