Gripe espanhola matou mais de 50 milhões; mais de 900 em Manaus 

A pandemia da gripe espanhola de 1920 pode conter lições para combater o coronavírus.

gripe, espanhola, milhoes, manaus

Edmilton Neves, da Redação*

Publicado em: 18/03/2020 às 14:41 | Atualizado em: 18/03/2020 às 14:46

A gripe espanhola matou mais de 50 milhões de pessoas no mundo há um século. Em Manaus, foram mais de 900 mortes; no Brasil, mais de 35 mil. Entretanto, a pergunta que se faz é o que podemos aprender com ela em 2020? 

Em 1920, o mundo ainda se recuperava de uma guerra que havia matado cerca de 20 milhões de pessoas. Dessa vez, o inimigo era ainda mais mortal: uma pandemia de gripe, conforme reportagem na BBC News Brasil e dados do Instituto Butantan.

Segundo a BBC News, acredita-se que a gripe espanhola tenha começado a se disseminar nos lotados campos de treinamento militar no front ocidental da 1ª Guerra Mundial. 

Como agravantes, as condições insalubres, especialmente nas trincheiras ao longo da fronteira francesa, ajudaram a fazer com que o vírus se espalhasse. 

A guerra terminou em novembro de 1918, mas, quando os soldados voltaram para casa, levaram o vírus com eles. Consequentemente, estimou-se que entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas tenham morrido entre 1918 e 1920. 

O mundo passou por muitas pandemias desde então. Ao menos contaram-se três de gripe. No entanto, nenhuma pandemia foi tão mortífera ou tão abrangente. 

Enquanto o mundo combate a disseminação da covid-19, como é chamada a doença causada pelo coronavírus, devemos nos perguntar: o que aprendemos com a gripe espanhola? 

 

A gripe do século 21

Muitas das pessoas que morrem de coronavírus estão sucumbindo a uma pneumonia, que ocorre quando o sistema imunológico é enfraquecido pelo combate ao novo vírus. Isso é um ponto em comum com a gripe espanhola.  

 As pessoas idosas e com sistema imunológico comprometido são mais suscetíveis a infecções que causam pneumonia. Elas são a maioria das que foram mortas pela covid-19 até agora. 

Por outro lado, as viagens aéreas estavam apenas começando quando a gripe espanhola ocorreu. Mesmo assim, poucos lugares na Terra escaparam de seus efeitos terríveis. 

 

Brasil 

No Brasil, a pandemia chegou a matar mais de 35 mil pessoas. Segundo o Instituto Butantan, foram “[…] 12.700 no Rio de Janeiro, 6 mil em São Paulo, 1.316 em Porto Alegre, 1.250 em Recife e 386 em Salvador”.  

Em Manaus, foram quase 900 mortos, com 9 mil infectados, entretanto, as autoridades de saúde estimaram que o número de mortos pudesse ser bem maior por conta da lotação dos cemitérios da cidade. 

Muitas pessoas morreram sem obituário ou sequer entraram para as estatísticas da capital amazonense.  

A doença foi tão severa que vitimou até o Presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919.  

 

O presidente da República, em 1919, morreu afetado pela gripe espanhola
Foto: Biblioteca Nacional

 

*Texto organizado com informações da BBC News Brasil e no blog coração de rua

 

Fotos: Reprodução/Biblioteca Nacional/PhotoQuest