Governo distorce reportagem da revista The Economist sobre Brasil
Acusou ainda a revista de sugerir o assassinato do presidente para superar a crise

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 07/06/2021 às 11:55 | Atualizado em: 07/06/2021 às 14:40
O governo Jair Bolsonaro distorceu neste domingo (6), a reportagem de capa da revista inglesa The Economist, que trata da pandemia no Brasil, e acusou a revista de sugerir o assassinato do presidente para superar a crise.
Dessa forma, para desqualificar a publicação, uma das de maior prestígio internacional, o Palácio do Planalto atribuiu à revista uma suposta tentativa de “interferir em nossas questões domésticas”.
Ao mesmo tempo, o governo diz que a revista faz apologia a um golpe das Forças Armadas contra Bolsonaro. Como destaca matéria de IstoÉ.
A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) fez uma série de 23 postagens no Twitter distorcendo o conteúdo da reportagem “É hora de ir embora”, cuja tradução foi publicada pelo Estadão.
Nesse sentido, o governo não divulgou nota a respeito, apenas postou a série de mensagens na rede social.
Leia mais
Ministério da Saúde era ‘boca de fumo de cloroquina’, diz “The Economist”
Secom
A Secom rebateu a reportagem, cuja capa traz uma ilustração com Cristo Redentor “respirando” auxílio de um cilindro de oxigênio, o que remete a capas feitas em governos anteriores sobre o Brasil.
A Secom afirmou: “A narrativa do texto, em suma, é a seguinte: o presidente seria um ditador que estaria matando o próprio povo; seus apoiadores estariam dispostos à guerra civil e o Exército estaria disposto a intervir caso o presidente perca as próximas eleições. Segundo a tradução replicada pelo Estadão, aqui utilizada, The Economist chega a afirmar que a solução seria eliminar o presidente: ‘A prioridade mais urgente é eliminá-lo’, afirmam. Vejam bem: não falam apenas em vencer nas urnas, superar, destituir. Falam em eliminar. Estaria o artigo fazendo uma assustadora apologia ao homicídio do presidente?”.
Contudo, a interpretação do governo omite o contexto da reportagem, que é uma projeção da situação atual do País, com reflexos econômicos sociais e políticos do descontrole da covid-19, e a futura disputa eleitoral de 2022.
No texto, a expressão “eliminá-lo”, que encerra o artigo da Economist, vem no contexto das eleições presidenciais, sem nenhuma referência a atos violentos ou apologia a crime.
Dessa maneira, a eliminação seria nas urnas. A expressão original, em inglês, é: “The most urgent priority is to vote him out”, que deixa clara a vinculação de derrotar o presidente por meio do voto.
Leia mais sobre o assunto em IstoÉ.
Foto: Fábio rodrigues Pozzebom/Agência Brasil