Funaro diz que Temer e Cunha tratavam do impeachment de Dilma

Publicado em: 08/09/2017 às 15:38 | Atualizado em: 08/09/2017 às 15:43
O doleiro e delator Lúcio Bolonha Funaro, em seu acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), afirmou aos procuradores que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o presidente Michel Temer (PMDB) “confabulavam diariamente” pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A informação foi publicada no site da revista Veja nesta sexta-feira (8).
De acordo com o delator, na véspera da votação de aceitação do processo na Câmara, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, enviou mensagem a Funaro questionando se ainda havia recursos disponíveis para a compra de votos necessários para a abertura do processo na Casa.
O doleiro conta que viabilizou o dinheiro.
O processo de abertura foi autorizado na Câmara por 367 votos favoráveis e 137 contrários, no dia 17 de abril de 2016.
Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados.
A sessão durou nove horas e 47 minutos.
De acordo com Funaro, ainda em 2015, dias após a Polícia Federal (PF) ter feito apreensões nos endereços dele, o empresário Joesley Batista, da JBS, o chamou para uma conversa em São Paulo.
O encontro ocorreu na casa de Joesley.
Os dois, na época, selaram “pacto de proteção mútua”, conforme revela a revista Veja.
Segundo o delator, Joesley prometeu a ele R$ 100 milhões em troca de seu silêncio.
Desde então, contou, o empresário começou a fazer os repasses em parcelas.
De acordo com a delação, pelo menos R$ 4,6 milhões foram repassados por meio do irmão de Funaro.
O dinheiro parou de chegar às mãos do doleiro quando Joesley decidiu fazer delação.
Em março, Joesley gravou uma conversa com o presidente Michel Temer (PMDB) e, entre os diálogos, o presidente ouviu de Joesley que uma mesada estava sendo paga a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro para eles ficassem calados sobre o esquema de corrupção na Petrobrás.
Diante da informação, Temer declarou: “Tem que manter isso, viu?”.
Segundo as investigações, um dos principais doadores de campanha nas últimas eleições, o grupo JBS era o responsável pelos pagamentos ao ex-deputado.
Fonte: Veja
Foto: Reprodução/SRzd/Arquivo