Bolsonaro deu quase R$ 2 bilhões em auxílios no período eleitoral

Auditoria da CGU revela um esquema de fraudes milionĂ¡rias nos auxĂ­lios emergenciais destinados a taxistas e caminhoneiros durante o perĂ­odo eleitoral de 2022.

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Publicado em: 03/06/2023 Ă s 12:26 | Atualizado em: 03/06/2023 Ă s 12:26

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da UniĂ£o (CGU) trouxe Ă  tona indĂ­cios de que o governo de Jair Bolsonaro pode ter liberado cerca de R$ 2 bilhões de forma irregular no pagamento dos auxĂ­lios emergenciais destinados a taxistas e caminhoneiros, em pleno perĂ­odo eleitoral de 2022.

A informaĂ§Ă£o Ă© de Vinicius Doria e publicada no Correio Braziliense.

A investigaĂ§Ă£o apontou que a maioria dos beneficiĂ¡rios dos auxĂ­lios nĂ£o cumpriu os requisitos legais estabelecidos pela emenda constitucional que criou o programa, resultando em um desvio de 75% dos recursos destinados aos taxistas e uma porcentagem significativa de beneficiĂ¡rios nĂ£o elegĂ­veis entre os caminhoneiros.

Irregularidades no AuxĂ­lio Taxista e no AuxĂ­lio Caminhoneiro

A CGU identificou que aproximadamente 246,7 mil pessoas receberam o AuxĂ­lio Taxista sem atender aos requisitos necessĂ¡rios, totalizando um montante irregular de R$ 1,39 bilhĂ£o.

No caso do AuxĂ­lio Caminhoneiro, o prejuĂ­zo calculado pelos auditores chega a R$ 582,87 milhões, repassados de maneira indevida para 110 mil pessoas, dentro de um universo de 402,7 mil beneficiĂ¡rios do programa.

Os auditores também constataram que até mesmo pessoas falecidas receberam os pagamentos, realizados em seis parcelas de R$ 1 mil entre julho e dezembro, durante o período eleitoral.

Falhas nos controles internos e inconsistĂªncias nos cadastros

A CGU aponta “potenciais falhas em controles internos na operacionalizaĂ§Ă£o do programa” e revela que diversas inconsistĂªncias foram encontradas nos cadastros dos beneficiĂ¡rios.

Entre os taxistas, milhares apresentaram documentaĂ§Ă£o com irregularidades, especialmente em relaĂ§Ă£o Ă  validade da Carteira Nacional de HabilitaĂ§Ă£o (CNH) e Ă  condiĂ§Ă£o de segurado do Regime Geral de PrevidĂªncia Social (RGPS), requisitos necessĂ¡rios para o exercĂ­cio regular da profissĂ£o.

JĂ¡ entre os caminhoneiros, as irregularidades mais comuns se referem Ă  ausĂªncia de cadastro ativo no Registro Nacional de Transportadores RodoviĂ¡rios de Cargas (RNTRC), falta de registro do veĂ­culo de carga e habilitaĂ§Ă£o incompatĂ­vel com a categoria do veĂ­culo.

Recomendações e medidas futuras

Diante das descobertas, a CGU recomendou a apuraĂ§Ă£o das responsabilidades envolvidas e a adoĂ§Ă£o de medidas para o ressarcimento dos valores pagos indevidamente.

O governo, em conjunto com a Dataprev, responsĂ¡vel pela geraĂ§Ă£o das folhas de pagamento, realizarĂ¡ um levantamento detalhado da situaĂ§Ă£o de cada beneficiĂ¡rio.

A CGU tambĂ©m ressaltou a necessidade de investigações adicionais, considerando os riscos relevantes associados Ă  natureza emergencial do programa e Ă  falta de fiscalizaĂ§Ă£o adequada na liberaĂ§Ă£o dos recursos.

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Em resumo, a auditoria da CGU revela um esquema de fraudes milionĂ¡rias nos auxĂ­lios emergenciais destinados a taxistas e caminhoneiros durante o perĂ­odo eleitoral de 2022.

A irregularidade abrangeu uma parcela significativa dos beneficiĂ¡rios, resultando em desvios de recursos pĂºblicos.

As recomendações da CGU visam responsabilizar os envolvidos e estabelecer medidas para o ressarcimento dos valores pagos indevidamente, alĂ©m de melhorar os controles internos e a fiscalizaĂ§Ă£o dos programas emergenciais.

Foto: Lula Marques/AgĂªncia Brasil