Desembargador e juiz ganham benefício de 120 dias de folga por ano, fora férias

A licença compensatĂ³ria pode ser convertida em indenizaĂ§Ă£o, gerando preocupações sobre o impacto financeiro e transparĂªncia.

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Publicado em: 11/11/2024 Ă s 18:19 | Atualizado em: 11/11/2024 Ă s 18:20

Pelo menos 19 tribunais de Justiça no Brasil jĂ¡ ajustaram suas regras para implementar a licença compensatĂ³ria para magistrados, conforme estabelecido pela ResoluĂ§Ă£o 528 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em outubro de 2023.

Esse benefĂ­cio concede aos juĂ­zes o direito de folgar um dia a cada trĂªs dias trabalhados, somando atĂ© 120 dias de licença anuais, alĂ©m dos 60 dias de fĂ©rias jĂ¡ previstos. A medida visa equiparar os direitos da magistratura aos do MinistĂ©rio PĂºblico.

Impacto financeiro do benefĂ­cio

O custo da licença compensatĂ³ria para os cofres pĂºblicos ainda nĂ£o foi totalmente estimado, mas a TransparĂªncia Brasil aponta que a despesa com essa licença pode ser significativa.

Segundo a ONG, atĂ© maio de 2023, o gasto com a licença compensatĂ³ria alcançou R$ 284 milhões.

No entanto, esse nĂºmero pode ser subestimado devido Ă s diferentes formas de registro nos contracheques dos magistrados.

O impacto financeiro se torna ainda mais preocupante quando a licença, ao invĂ©s de folgas, Ă© convertida em indenizaĂ§Ă£o, que nĂ£o Ă© sujeita ao teto constitucional ou ao desconto do Imposto de Renda.

A justificativa dos tribunais

Alguns tribunais, como o do EspĂ­rito Santo, defendem que a licença compensatĂ³ria contribui para aumentar a produtividade dos magistrados, especialmente aqueles que acumulam acervo processual ou exercem funções administrativas.

Em vĂ¡rias cortes, as regras para a concessĂ£o da licença variam, mas geralmente a folga Ă© limitada a dez dias por mĂªs, e, caso nĂ£o seja utilizada, pode ser convertida em indenizaĂ§Ă£o.

CrĂ­ticas ao benefĂ­cio e seus impactos

A TransparĂªncia Brasil criticou o uso do princĂ­pio da simetria entre o MinistĂ©rio PĂºblico e o JudiciĂ¡rio como pretexto para a criaĂ§Ă£o desse benefĂ­cio.

Segundo a ONG, a medida “dribla” o teto constitucional e gera disparidades com outras categorias do funcionalismo pĂºblico.

AlĂ©m disso, a falta de padronizaĂ§Ă£o nos sistemas de pagamento dificulta o rastreamento dos custos da licença, tornando o impacto real menos visĂ­vel.

Aumento expressivo dos gastos em alguns tribunais

O Tribunal de Justiça do ParanĂ¡, que antecipou a adoĂ§Ă£o da licença antes da resoluĂ§Ă£o do CNJ, apresentou um aumento expressivo nos custos com o benefĂ­cio.

Quando era uma gratificaĂ§Ă£o remuneratĂ³ria, o TJ-PR gastava cerca de R$ 3,5 milhões por mĂªs. ApĂ³s a mudança para a licença compensatĂ³ria, o valor subiu para R$ 21,3 milhões mensais, um aumento de seis vezes.

Recomendações para controle do benefício

A TransparĂªncia Brasil sugere que os Ă³rgĂ£os do Sistema de Justiça incluam estimativas detalhadas do custo da licença compensatĂ³ria em seus orçamentos futuros e que o Congresso Nacional crie barreiras para evitar o uso da simetria entre o MinistĂ©rio PĂºblico e o JudiciĂ¡rio para a criaĂ§Ă£o de novos benefĂ­cios sem a devida autorizaĂ§Ă£o legislativa e sem avaliaĂ§Ă£o do impacto financeiro.

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