Como fake news em redes sociais levaram a linchamento de advogado
O jovem de 31 anos foi vítima de julgamento público de uma multidão e sequer teve chance de se explicar

Publicado em: 15/06/2022 às 15:57 | Atualizado em: 15/06/2022 às 15:57
Um boato espalhado nas redes sociais levou a morte o advogado Daniel Picazo González, de 31 anos.
Ele saiu de casa na Cidade do México para visitar a propriedade que seu avô havia herdado em uma pequena cidade do estado de Puebla.
A residência fica na cidade de Las Colonias de Hidalgo, a cerca de três horas da capital mexicana.
Isso aconteceu em 9 de junho. Picazo González avisou aos pais, Ricardo Picazo e Angélica González, que havia chegado bem.
No entanto, a próxima notícia que tiveram do filho foi que algo terrível havia acontecido com ele.
Naquela noite de sexta-feira, cerca de 200 moradores da cidade de Papatlazolco, vizinha de Las Colonias de Hidalgo, detiveram, espancaram e lincharam Picazo González até a morte.
Um boato espalhado dias antes por grupos de WhatsApp e Facebook de Papatlazolco dizia que havia forasteiros sequestrando crianças para traficar seus órgãos. Dessa forma, o advogado foi vítima do julgamento público de uma multidão, segundo investigações preliminares das autoridades.
Leia mais
MATADORES DE DOM E BRUNO VÃO MOSTRAR HOJE ONDE ESTÃO OS CORPOS
O que aconteceu?
Picazo González era advogado e até março passado trabalhava como assessor de uma deputada federal.
Além disso, ele havia acabado de terminar um curso de mestrado e, em 9 de junho, estava tentando “fugir” do estresse da cidade visitando a casa de Las Colonias de Hidalgo, segundo contou seu pai.
Mas o clima naquela região não era o mesmo de antes. Portanto, dois dias antes, começaram a circular mensagens em chats e grupos de redes sociais de que havia forasteiros sequestrando crianças.
Havia até imagens com logotipos de instituições que não existem mais como tal (a PGR, por exemplo, que hoje é a Fiscalía General de la República). Estas fotos supostamente indicavam que havia uma busca por criminosos.
“Esta informação que circulou já tem alguns anos. Estas mesmas fotos circularam não só aqui, mas nacionalmente, em outras partes do México”, explica à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, o jornalista Pablo Torres, de Huauchinango, município onde fica Papatlazolco.
Leia mais no UOL
Foto: Divulgação