Facebook pode ter de se livrar do Instagram e WhatsApp
Investigações apontam que as prĂ¡ticas do Facebook resultaram em "lucros exorbitantes", destacando que, em 2019, a companhia gerou US$ 70 bilhões em receitas e mais de US$ 18,5 bilhões em ganhos

Publicado em: 10/12/2020 Ă s 08:40 | Atualizado em: 10/12/2020 Ă s 18:04
A ComissĂ£o Federal de ComĂ©rcio (FTC, na sigla em inglĂªs) dos Estados Unidos e 48 autoridades estaduais anunciaram nesta quarta-feira (9) que entraram com dois processos contra o Facebook por monopĂ³lio ilegal.
ApĂ³s um ano e meio de investigaĂ§Ă£o, o FTC e os procuradores-gerais dos distritos alegam que o Facebook vem mantendo seu domĂnio nas redes sociais por meio de uma conduta anticompetitiva praticada hĂ¡ muitos anos que resultou em “lucros exorbitantes”.
SĂ£o citadas como partes dessa estratĂ©gia as compras dos entĂ£o rivais em ascensĂ£o Instagram e WhatsApp pela companhia – em negĂ³cios bilionĂ¡rios fechados em 2012 e 2014, respectivamente. A comissĂ£o considera a possibilidade de que isso tenha de ser desfeito.
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“O Facebook usou seu poder de monopĂ³lio para esmagar rivais menores e exterminar os competidores, Ă s custas dos usuĂ¡rios comuns”, disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que lidera a coalizĂ£o dos estados.
O Facebook rebateu as acusações, dizendo que o processo Ă© um “revisionismo histĂ³rico” e que as autoridades nĂ£o mencionam que as aquisições dos aplicativos foram aprovadas pelos reguladores na Ă©poca (veja mais abaixo). Com o anĂºncio do processo, a ações da companhia caĂram 1,93% nesta quarta.
Acusações
- Praticar uma “estratĂ©gia sistemĂ¡tica” para eliminar “ameaças ao seu monopĂ³lio”. Isso envolveu as compras do Instagram, em 2012, por US$ 1 bilhĂ£o, e do WhatsApp, em 2014, por cerca de US$ 20 bilhões;
- Impor condições anticompetitivas a desenvolvedores de outros aplicativos que quisessem criar interações com o Facebook.
- Eles sĂ³ teriam acesso Ă s APIs (conjunto de funções para interagir com a rede social) somente se eles se comprometessem a nĂ£o criar funcionalidades que pudessem rivalizar com as da empresa e nem promovessem outras redes sociais rivais.
- O processo cita como exemplo quando o Twitter lançou o app de vĂdeos curtos Vine, em 2013, e o Facebook negou acesso Ă API que permitiria aos usuĂ¡rios do novo aplicativo acessarem seus contatos na rede social.
O FTC apontou que as prĂ¡ticas do Facebook resultaram em “lucros exorbitantes”, destacando que, em 2019, a companhia gerou US$ 70 bilhões em receitas e mais de US$ 18,5 bilhões em ganhos.
“Esse tipo de conduta prejudica a concorrĂªncia, deixa os consumidores com poucas opções de rede social pessoal e priva os anunciantes dos benefĂcios da concorrĂªncia”, disse a comissĂ£o de comĂ©rcio, em comunicado.
Defesa do Facebook
“As leis antitruste existem para proteger os consumidores e promover a inovaĂ§Ă£o, nĂ£o para punir empresas bem-sucedidas”, disse a vice-presidente jurĂdica do Facebook, Jennifer Newstead, em um comunicado nesta quarta.
“O Instagram e o WhatsApp se tornaram os produtos incrĂveis que sĂ£o hoje porque o Facebook investiu bilhões de dĂ³lares e anos de inovaĂ§Ă£o e expertise para desenvolver novos recursos e experiĂªncias melhores para milhões de pessoas que gostam desses produtos.”
A companhia avalia que o fato mais importante neste caso, “que a comissĂ£o “nĂ£o menciona no seu processo de 53 pĂ¡ginas, Ă© que ela prĂ³pria autorizou essas aquisições anos atrĂ¡s”.
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Foto: Dado Ruvic/IlutraĂ§Ă£o/Foto de arquivo/Reuters