EmpresĂ¡rio propõe ‘Viver Melhor Mura’ pelo sim ao potĂ¡ssio do AM
Em Ă¡udios vazados, ele diz que indĂgenas podem usar a terra depois que empresa explorar mineral por uns 30 anos

Publicado em: 21/11/2023 Ă s 22:42 | Atualizado em: 23/11/2023 Ă s 09:40
Pelo “sim” dos indĂgenas Mura para exploraĂ§Ă£o do PotĂ¡ssio em Autazes (AM), o presidente da empresa PotĂ¡ssio do Brasil, Adriano Espeschit, prometeu a eles uma espĂ©cie de “Viver Melhor”.
Ele diz em Ă¡udios que propõe comprar e entregar 5.000 hectares de terras aos Mura para ser construĂdo.
A oferta foi seguida de falas de Espeschit contrĂ¡rias Ă Â demarcaĂ§Ă£o do territĂ³rio, apesar do inĂcio de procedimentos formais para a delimitaĂ§Ă£o por parte da Funai (FundaĂ§Ă£o Nacional dos Povos IndĂgenas), que constituiu um grupo tĂ©cnico em agosto.
O presidente da PotĂ¡ssio do Brasil, subsidiĂ¡ria do banco canadense Forbes & Manhattan, disse ainda aos muras que o territĂ³rio sĂ³ poderia virar terra indĂgena ao fim da retirada do minĂ©rio, num prazo de 23 a 34 anos. Em nota, a empresa afirma que os benefĂcios aos muras sĂ£o pĂºblicos.
O potĂ¡ssio Ă© base para fertilizantes utilizados na agricultura em larga escala. O empreendimento em uma regiĂ£o preservada da AmazĂ´nia tem apoio no governo Lula (PT). O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, IndĂºstria, ComĂ©rcio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), jĂ¡ deu declarações favorĂ¡veis ao projeto.
A participaĂ§Ă£o de Espeschit numa assembleia de uma pequena parte dos muras, em 22 de setembro, foi gravada, como consta em manifestaĂ§Ă£o do MPF (MinistĂ©rio PĂºblico Federal) no Amazonas. O Ă¡udio de mais de uma hora foi enviado Ă Procuradoria. O presidente da PotĂ¡ssio do Brasil indicou em sua fala nĂ£o saber que estava sendo gravado.
No Ăºltimo dia 15, o MPF apontou diversos indĂcios de cooptaĂ§Ă£o de indĂgenas e de atropelo a processos internos de consulta, principalmente da aldeia Soares, a mais impactada pelo projeto, com sobreposiĂ§Ă£o de Ă¡reas.
Em atendimento a pedido da Procuradoria, a Justiça Federal no Amazonas determinou no dia seguinte a suspensĂ£o de “qualquer atitude de coaĂ§Ă£o, manipulaĂ§Ă£o, fraude, intimidaĂ§Ă£o, ameaça, pressĂ£o e cooptaĂ§Ă£o” contra muras por parte da PotĂ¡ssio do Brasil.
Ouça os Ă¡udios:
“VocĂªs aprovando esse projeto, nĂ£o pode haver criaĂ§Ă£o de terra indĂgena”, disse o presidente da empresa na reuniĂ£o gravada. “Porque aprovar e criar uma terra indĂgena vai inviabilizar do mesmo jeito.”
Em seguida, Espeschit fez a promessa da compra de terras. “A gente assumiu o compromisso de comprar uma Ă¡rea dez vezes maior do que a gente vai ocupar em superfĂcie. Estamos assumindo o compromisso de comprar 5.000 hectares, e esses 5.000 hectares estariam disponĂveis para programas a partir de hoje, se vocĂªs votarem favorĂ¡vel, do plano Bem Viver Mura.”
Ele prometeu ainda empregos, possibilidades de empreender –com prioridade na contrataĂ§Ă£o de empresas de indĂgenas– e royalties. “NĂ£o Ă© terra indĂgena, Ă© regiĂ£o do povo mura. E o povo mura pode se sentir orgulhoso de estar participando disso.”
Segundo o presidente da PotĂ¡ssio do Brasil, o territĂ³rio poderia ser indĂgena “a partir do momento que acabar a retirada do minĂ©rio”. “O direito de vocĂªs Ă© adquirido. É sĂ³ uma postergaĂ§Ă£o de tempo. Vai continuar sendo possĂvel, depois que a empresa terminar os 23 anos, ou os 34 anos.”
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Foto: ReproduĂ§Ă£o