Dirceu trata ex-senador Luiz Estevão como chefão no presídio da Papuda

DIRCEU ESTEVAO CHEFAO PAPUDA

Publicado em: 18/06/2018 às 14:53 | Atualizado em: 18/06/2018 às 14:53

O ex-ministro José Dirceu trata o ex-senador Luiz Estevão (na foto, de branco) como o “manda-chuva” da ala reservada a presos vulneráveis como ex-policiais e políticos no Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília.

Os dois cumprem pena por corrupção, e Estevão está lá há mais de dois anos.

Na operação batizada de Bastilha, realizada no domingo (17), mais de 30 agentes da polícia civil encontraram chocolate, tesoura e cinco minipendrives na cela que Estevão divide com o ex-ministro petista José Dirceu.

Além do fato de serem apenas dois por cela enquanto a média é de sete detentos dividindo o mesmo espaço, outros indícios reforçam as suspeitas dos agentes que também encontraram um caderno de Dirceu com uma anotação para “pedir autorização” a Estevão para receber a visita de um menor de idade fora do horário programado.

“Ele passa o recado de que Luiz Estevão tem influência dentro do presídio para conseguir esse tipo de visitação e outras regalias”, disse o delegado Thiago Boeing, da Divisão de Repressão às Facções Criminosas, da Polícia Civil.

Outra evidência sobre o poder de Estevão no local foi o grande volume de documentos do ex-senador encontrados na biblioteca de uso comum dos presos.

“Mais parecia um escritório particular dele”, disse Boeing.

Luiz Estevão foi condenado a 26 anos de prisão por desvios de recursos do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

 

Geddel

Os agentes também vistoriaram a cela em que está preso o ex-ministro Geddel Vieira Lima, e outros nove detentos.

Segundo os policiais, no local foram encontrados documentos de Geddel que ainda serão analisados.

“Vamos ver se há pertinência com as investigações”, disse o delegado.

A ação foi realizada na tarde de domingo durante o jogo de estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo.

“A gente avaliou que era o momento mais propício para flagrar privilégios”, explicou o delegado.

As investigações começaram em janeiro para apurar denúncias de que presos estariam ameaçando delegados e juízes.

Os policiais descartaram essas ameaças, mas encontraram os indícios de privilégios no bloco 5 do Centro de Detenção Provisória.

Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Vara de São Sebastião em abril, mas a estratégia que manteve toda a ação em sigilo foi a de cumprir os mandados apenas agora.

As defesas de Geddel e Estevão não se pronunciaram.

 

Foto: Reprodução/Daniel Ferreira/Metrópoles