Corrupção: PF prendeu 90% menos nos quatro anos de Bolsonaro

A coluna entrou em contato com a PF para obter um posicionamento sobre os dados, mas até o momento não obteve resposta

Publicado em: 11/05/2023 às 11:40 | Atualizado em: 11/05/2023 às 11:40

De acordo com dados da Polícia Federal (PF), divulgados pela jornalista Juliana Dal Piva do portal UOL, houve uma redução significativa de 90% nas prisões em operações de combate à corrupção durante o último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A informação foi obtida com exclusividade pela coluna. Em 2019, foram registradas 421 prisões, enquanto em 2022, esse número caiu para apenas 42.

A redução foi constante ao longo dos anos, com 340 prisões em 2020 e 144 em 2021. No período de 2019 a 2022, um total de 947 prisões foram realizadas, sendo 366 preventivas e 581 temporárias.

A coluna entrou em contato com a PF para obter um posicionamento sobre os dados, mas até o momento não obteve resposta.

A ONG Transparência Internacional – Brasil destacou em seu Relatório Retrospectivas dos anos de 2019 a 2022 os retrocessos no combate à corrupção nesse período.

Segundo Guilherme France, gerente de pesquisa da organização, ao longo dos quatro anos de governo, Bolsonaro interferiu sistematicamente em órgãos de investigação e persecução criminal, incluindo a PF, com mudanças na direção e substituição de delegados em posições de chefia. Essas ações podem ter sido motivadas pela proteção pessoal do ex-presidente e de sua família contra investigações, bem como pela perseguição a adversários políticos. Independentemente da motivação, os dados revelam uma queda no combate à corrupção, contrariando a narrativa de campanha e governo de Bolsonaro.

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Além da redução nas prisões, os números da PF também indicam uma diminuição no número de operações e inquéritos em aberto. Entre 2019 e 2022, foram realizadas 756 operações de combate à corrupção, sendo que o menor número ocorreu em 2022, com 142 operações. Em 2019, foram registradas 172 operações, chegando a 249 em 2020, ano marcado pelo início da pandemia. No entanto, houve uma queda para 182 operações em 2021. Em relação aos inquéritos policiais, a gestão da PF durante o governo Bolsonaro deixou 5.423 inquéritos em aberto.

Guilherme France destaca que a diminuição das investigações de corrupção gera uma sensação de impunidade, o que encoraja práticas ilícitas por parte de empresas e agentes públicos. Isso afeta principalmente as pessoas mais vulneráveis, que dependem de serviços públicos básicos de qualidade.

O pesquisador também ressalta que o período analisado incluiu a pandemia de Covid-19, quando houve a distribuição de recursos federais e contratações sem licitação, aumentando os riscos de corrupção. Apesar desse contexto, as operações de combate à corrupção no âmbito federal foram reduzidas, o que surpreende e levanta questionamentos sobre a efetividade do combate à corrupção no país.