Confrontos em Caracas e militares pedem asilo na embaixada brasileira

Publicado em: 30/04/2019 às 18:53 | Atualizado em: 30/04/2019 às 18:53

Em meio a confrontos nas ruas de Caracas entre seguidores do ditador Nicolás Maduro e do autoproclamado presidente Juan Guaidó, ao menos 25 militares venezuelanos se refugiaram na embaixada brasileira, nesta terça-feira (30), onde pediram asilo, conforme publicou o G1.

Guaidó convocou a população a se manifestar numa cartada final para derrubar o regime bolivariano

Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se com ministros e o vice-presidente Hamilton Mourão para avaliar a situação tensa no país vizinho e sustentar apoio à liberdade, à democracia e a Guaidó.

Brasil, Estados Unidos e Colômbia apoiam o movimento contrário a Maduro.

O presidente Bolsonaro afirmou, por uma rede social, que o país “acompanha com bastante atenção” a situação e está “ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos”, postou o G1.

“O Guaidó e o Leopoldo López (líder da oposição) foram para uma situação que não tem mais volta. Não há mais recuo. Depois disso aí ou eles vão ser presos ou o Maduro vai embora. Não tem outra saída para isso aí”, afirmou Mourão, à Agência Brasil, após a reunião no Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira (30).

López, que estava em prisão domiciliar e foi libertado hoje por agentes de segurança dissidentes, está refugiado com a família na embaixada do Chile

Guiadó anunciou o apoio de militares para derrubar o governo e deu início à fase final da chamada Operação Liberdade, destacou o G1.

“O Brasil acompanha com bastante atenção a situação na Venezuela e reafirma o seu apoio na transição democrática que se processa no país vizinho. O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos”, escreveu Bolsonaro em uma rede social.

Participaram da reunião no Palácio do Planalto, além do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão, os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

 

 

Intervenção

Mourão reafirmou que não existe possibilidade de eventual ação de intervenção militar na Venezuela. Ele disse que não há informações detalhadas sobre a real situação venezuelana, no momento, e que o governo brasileiro tem recebido informações do adido militar no país, “que são limitadas”.

“Tem que esclarecer a situação, que está confusa”, ressaltou o vice-presidente.

Mourão também enfatizou que o melhor desfecho para a Venezuela “é sempre a saída do Maduro”.

O governo brasileiro reconhece Guiadó como presidente encarregado do país vizinho desde o início do ano.

 

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno
Foto: Antônio Cruz/ABr

 

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, admitiu que Juan Guaidó não dispõe de apoio militar no alto escalão das Forças Armadas venezuelanas, leais a Nicolás Maduro.

“Temos a impressão que o lado de Guaidó é fraco militarmente”, disse.

 

Comitiva humanitária

Os locais de onde se administra a crise humanitária na fronteira entre Brasil e Venezuela, que tem motivado milhares de venezuelanos a virem para Amazonas e Roraima, foram inspecionados, na segunda-feira (29), por uma comitiva de deputados federais, entre eles o deputado do Amazonas, delegado Pablo Oliva (PSL).

Os parlamentares desembarcam em Boa Vista de manhã, quando foram recebidos por militares do Exército Brasileiro.

A comitiva seguiu para os três centros de acolhimento criados pelos governos Federal e de Roraima, onde mais de 1.300 pessoas estão temporariamente abrigadas.

O deputado Pablo disse que convidou o deputado federal de São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PSL), a participar da comitiva.

O roteiro da visita incluiu ainda inspeção a hospitais públicos de Boa Vista, que segundo o governo de Roraima, estão superlotados devido a chegada dos refugiados.

Ainda em Roraima, os deputados seguiram para a cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

A cidade é porta de entrada dos venezuelanos no Brasil e onde já aconteceram conflitos entre brasileiros e imigrantes.

Em Pacaraima também funciona o centro de triagem que será vistoriado pela comitiva de deputados.

 

Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters/Reprodução/Agência Brasil