Cientistas brasileiros revelam detalhes inéditos de novo vírus no país

Cientistas dizem ter desvendado o vírus mayaro, "primo" do chikungunya. E estão em estudos outros dois vírus, o oropouche e o da encefalite de St. Louis, todos em circulação no Brasil

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Publicado em: 24/05/2021 às 17:26 | Atualizado em: 24/05/2021 às 17:26

Cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), elucidaram, pela primeira vez na América Latina, uma estrutura viral completa.

O trabalho que revela detalhes inéditos do vírus mayaro, causador de uma doença com sintomas semelhantes ao da chikungunya e que circula no Brasil, foi publicado, nesta segunda-feira (24), em um periódico científico internacional.

Com as informações obtidas, os cientistas esperam desenvolver novos métodos de diagnóstico, medicamentos e imunizantes. 

O trabalho desenvolvido desde 2017 por uma equipe multidisciplinar com 20 pesquisadores e colaboradores revelou detalhes da estrutura molecular do vírus com uma resolução aproximadamente 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo. 

“Neste trabalho descrevemos a partícula infecciosa do vírus Mayaro, incluindo todas as proteínas que o compõem. Foram usadas técnicas que permitiram observar detalhes da biologia do vírus que não tinham sido descritos em outros trabalhos, e que representam um avanço em nossas capacidades de combate e entendimento da doença”, explica o virologista Rafael Elias Marques.

Experiência 

Marques trabalha há anos com vírus transmitidos por mosquitos que são “negligenciados”, ou seja, que não são aqueles que envolvem doenças bastante conhecidas da população brasileira, como dengue, zika ou chikungunya.

Virologista Rafael Elias Marques
Foto: IEA/USP/divulgação

 Entre os objetos de estudo estão, além do mayaro, o oropouche e o vírus da encefalite de St. Louis, todos em circulação no Brasil e América Latina, e sobre os quais os cientistas pouco conhecem.

O que se sabe sobre o vírus 

O mayaro é uma espécie de ‘primo’ da chikungunya e provoca as mesmas reações nos pacientes: febres e intensas dores musculares e articulares que podem se prolongar por muitos meses.

Há registros de complicações sérias como hemorragia, problemas neurológicos e até morte.

Ainda não há imunização ou tratamento específico para a doença.

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Foto: portal Saúde Business/reprodução