Caso Marielle: ex-PGR conta bastidores da dificuldade de investigaĂ§Ă£o no Rio
Autoridades do prĂ³prio MP e da segurança pĂºblica sĂ£o acusadas por Raquel Dodge

Publicado em: 30/07/2023 Ă s 09:12 | Atualizado em: 30/07/2023 Ă s 09:12
A ex-procuradora da RepĂºblica Raque Dodge fez revelações sobre as dificuldades de investigaĂ§Ă£o dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018.
Na Ă©poca, dois dias depois do crime, a entĂ£o PGR viajou ao Rio de Janeiro para colher informações e dar apoio ao MinistĂ©rio PĂºblico do Rio na investigaĂ§Ă£o.
Embora o crime estivesse na competĂªncia estadual, a procuradora-geral entendeu que a importĂ¢ncia do episĂ³dio exigia um olhar prĂ³ximo da PGR porque poderia ser necessĂ¡ria a federalizaĂ§Ă£o da investigaĂ§Ă£o.
No final de seu mandato, em setembro de 2019, Dodge pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a federalizaĂ§Ă£o da investigaĂ§Ă£o. A solicitaĂ§Ă£o foi negada pela Terceira SeĂ§Ă£o do tribunal em maio de 2020.
A investigaĂ§Ă£o ficou estagnada atĂ© este ano, quando a PolĂcia Federal entrou no caso, a pedido do ministro FlĂ¡vio Dino (Justiça). Isso permitiu a obtenĂ§Ă£o de novos elementos, como a delaĂ§Ă£o premiada de um dos envolvidos, o ex-policial Élcio de Queiroz.
Passados cinco anos do crime e diante dos recentes avanços, Dodge disse como autoridades do Rio agiram contra a federalizaĂ§Ă£o, chegando a dificultar seu acesso a documentos.
Um exemplo, segundo Dodge: a 28ª Vara Criminal do Rio, responsĂ¡vel pelo inquĂ©rito da PolĂcia Federal sobre obstruĂ§Ă£o do caso Marielle, retardou o cumprimento de decisĂ£o do STJ para que Dodge tivesse acesso aos dados da investigaĂ§Ă£o. A decisĂ£o do STJ foi de 29 de agosto de 2019, mas o processo sĂ³ chegou Ă PGR em 11 de setembro – cinco dias antes do fim do mandato dela.
Depois da vara fornecer cĂ³digos de rastreamento errados, Dodge diz que sĂ³ obteve os documentos porque mandou alguĂ©m procurar dentro dos Correios.
O juiz responsĂ¡vel pelo inquĂ©rito nega que tenha retardado o acesso da PGR ao caso depois que o STJ proferiu decisĂ£o. Procurado, o MinistĂ©rio PĂºblico do Rio disse que solicitou recentemente o apoio da PF Ă s investigações do caso, mas nĂ£o comentou o episĂ³dio especĂfico ocorrido em 2019.
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Foto: Wilson Dias/ABr