Cabral não perdoa e delata procuradores e desembargadores

Publicado em: 02/05/2019 às 19:38 | Atualizado em: 02/05/2019 às 19:38

Uma nova “bomba” devastadora foi detectada no depoimento do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, prestado em março, e atinge integrantes do Ministério Público (MP-RJ) e do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A GloboNews diz que teve acesso exclusivo ao depoimento que leva o Judiciário para o centro da Lava Jato no estado.

Cabral confirma que pagou propina ao ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes e cita nomes de outros integrantes do MP e de desembargadores [na foto, os ex-procuradores-gerais Marfan (à esquerda) e Cláudio Lopes (à direita) foram citados por Cabral (ao centro)].

Lopes comandou o Ministério Público do Rio entre 2009 e 2012. Ele foi preso em novembro de 2018 acusado de receber cerca de R$ 7 milhões em propina para blindar a organização criminosa chefiada por Cabral, já condenado por nove vezes, com penas quem somam 198 anos de cadeia.

De acordo com a Globo News, o depoimento aconteceu no dia 25 de março no Complexo Penitenciário de Bangu, onde Sérgio Cabral está preso.

O MP ouviu o ex-governador sobre o processo que investiga Lopes.

Cabral disse que, entre 2004 ou 2005, época em que ainda era senador, Lopes foi até seu gabinete em Brasília.

No encontro, Lopes teria dito que Cabral “provavelmente” seria eleito governador nas eleições de 2006 e pediu o apoio dele para ser nomeado procurador-geral do MP-RJ.

Em troca da nomeação ao cargo de procurador-geral de Justiça, Lopes prometeu, segundo o ex-governador, arquivar uma investigação que tramitava contra Cabral no Conselho Superior do MP-RJ desde 1998.

A investigação tinha sido aberta depois de Cabral ter sido acusado de corrupção pelo então governador Marcello Alencar, que teve mandato entre 1995 e 1998.

Cabral diz que essa acusação foi feita porque ele – que na época era deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) – se opôs à venda da Companhia de Água e Esgotos do RJ (Cedae) faltando apenas dois meses para o fim do governo de Alencar.

“Bom, diante disso, o Marcello Alencar, por eu ter impedido [a venda da Cedae], me agrediu, me acusou da casa em Mangaratiba, que foi a primeira casa que eu tive, ter sido comprada com dinheiro de corrupção (…)”, disse Cabral no depoimento.

Leia mais no G1, incluindo a defesa dos citados.

 

Foto:Marino Azevedo/Governo do Estado do RJ/ arquivo