Bolsonaro chama empresários para “guerra” contra governadores

O presidente tem minimizado o impacto do coronavírus e se colocado contra medidas de distanciamento social que os governadores determinaram

Bolsonaro chama empresários para "guerra" contra governadores

Publicado em: 14/05/2020 às 15:56 | Atualizado em: 14/05/2020 às 15:56

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conclamou nesta quinta-feira (14) um grupo de empresários de peso a pressionar governadores pela reabertura do comércio.

Ele disse que “é guerra” e que o setor empresarial precisa “jogar pesado” com os chefes de governo nos estados.

“Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, decidindo o futuro da economia do Brasil”, afirmou Bolsonaro, referindo-se ao governador paulista João Doria (PSDB), seu adversário político.

“Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado. Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra.”

 

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“Nós temos que mostrar a cara, botar a cara para apanhar. Porque nós devemos mostrar a consequência lá na frente. Lá na frente, eu tenho falado com o ministro Fernando [Azevedo], da Defesa… os problemas vão começar a acontecer. De caos, saque a supermercados, desobediência civil. Não adianta querer convocar as Forças Armadas porque não existe gente para tanta GLO [Garantia da Lei e da Ordem].”

Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem minimizado o impacto do coronavírus e se colocado contra medidas de distanciamento social, atitude que culminou na demissão de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e, na semana passada, por exemplo, em uma marcha com empresários ao STF. ​

Apesar de dizer lamentar as mortes, o presidente tem dado declarações às vezes em caráter irônico quando questionado sobre as perdas humanas.

Como na ocasião em que afirmou não ser coveiro ou quando disse: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”

 

Aliado organizou videoconferência

 

A videoconferência desta quinta-feira foi organizada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, aliado político do presidente Bolsonaro.

Bolsonaro é um crítico das ações de isolamento social e tem atacado governadores que determinaram o fechamento de comércio.

Doria e governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), são dois dos principais alvos do presidente.

Até aqui, porém, Bolsonaro tem colecionado derrotas em seu embate com prefeitos e governadores.

Inicialmente prometeu canetadas e medidas provisórias, assinou decretos, mas ou acabou derrotado no Supremo ou viu suas medidas sempre ignoradas pela maioria dos gestores nos estados e municípios.

Nesta quinta, o presidente voltou a se queixar da determinação de diversos governadores, amparados por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de ignorar um decreto presidencial que ampliou o número de atividades consideradas essenciais.

Para Bolsonaro, trata-se de um ato de “desobediência civil”.

“Nós devemos buscar cada vez mais rápido abrir o mercado. Como eu abri agora, por exemplo, o decreto colocando academias, salões de beleza e barbearia [como atividades essenciais]. Semana passada eu botei a construção civil e a questão industrial. Tem governador falando que não vai cumprir. Eles estão partindo para a desobediência civil.”

 

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Foto: Marcos Corrêa/PR