General Mourão foi escolhido por Bolsonaro em 2018 no banheiro
Jair Bolsonaro decidiu escolher o general Hamilton Mourão para o cargo de vice em 2018 após uma reunião com seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio, em um banheiro. O episódio é narrado pelo deputado Eduardo Bolsonaro em um livro laudatório sobre o pai, que será lançado nos próximos dias

Publicado em: 01/09/2022 às 10:50 | Atualizado em: 01/09/2022 às 10:50
Jair Bolsonaro decidiu escolher o general Hamilton Mourão para o cargo de vice em 2018 após uma reunião com seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio, em um banheiro. O episódio é narrado pelo deputado Eduardo Bolsonaro em um livro laudatório sobre o pai, que será lançado nos próximos dias.
“Na última hora, no dia da convenção do PSL, aconteceu algo curioso: sentindo que não sabia em quem poderia confiar totalmente, meu pai me chamou, junto de meus irmãos, no banheiro do ginásio em que se dava o evento, para discutirmos uma solução.”
Depois, Bolsonaro foi ao PRTB e selou a chapa com Mourão, afirmou Eduardo no livro Jair Bolsonaro: o Fenômeno Ignorado, escrito com Mateus Colombo, assessor olavista que tem um cargo de confiança na comunicação do Planalto.
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Apesar de buscar exaltar ao máximo Jair Bolsonaro, que segue atrás de Lula nas pesquisas, Eduardo Bolsonaro deixou escapar que o pai desconfiava dos filhos quando tentava se reeleger deputado federal.
A prática aconteceu nos anos 1990 e no começo dos anos 2000, quando Carlos e Flávio já eram vereador e deputado estadual, respectivamente.
Bolsonaro bolou uma estratégia para descobrir se os filhos ou assessores estavam realmente entregando suas cartas a eleitores. Ou, nas palavras de Eduardo, se não estavam “dando uma de malandro” e mentindo ao pai.
“Um dos instrumentos para isso eram as cartas-iscas. Para evitar que nós, os entregadores (eu, o Carlos, o Flávio e os assessores), déssemos uma de malandro, não entregando cartas e mentindo que entregamos, ele [Jair Bolsonaro] fazia o seguinte: incluía nas remessas de cartas de cada um algumas cartas para destinatários inexistentes. Então, se um de nós voltasse para a base dizendo que conseguiu entregar todas as cartas, o capitão já sabia que ali tinha mutreta, pois pelo menos a carta-isca tinha que ter voltado junto.”
Eduardo foi o único filho a dividir a Câmara com o pai, de 2015 a 2019. Em 2016, no dia em que a Casa votaria o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, Jair sondou Eduardo sobre uma ideia de voto: homenagear o coronel Carlos Ustra, notório torturador da ditadura. Como se sabia, Dilma fora presa e torturada na ditadura. Eduardo ficou em cima do muro:
“Se você está seguro disso, eu vou estar do seu lado, apoiando. Você sabe o que faz.”
O livro que rasga elogios a Bolsonaro não faz qualquer menção a investigações de rachadinha, crime de peculato, contra a própria família; tampouco a ameaças golpistas e embaraços de seu governo. Para Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro tem uma trajetória parecidíssima “à de um herói”.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil