BeneficiĂ¡rios dos R$ 600 acham que Bolsonaro atrapalha mais que ajuda

A atuaĂ§Ă£o do presidente Ă© rejeitada por quase metade dos entrevistados na pesquisa Datafolha, independentemente de terem recebido o benefĂ­cio ou nem terem solicitado o pagamento

BeneficiĂ¡rios dos R$ 600 acham que Bolsonaro atrapalha mais que ajuda

Publicado em: 01/07/2020 Ă s 11:13 | Atualizado em: 01/07/2020 Ă s 11:14

A reprovaĂ§Ă£o do desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na crise do novo coronavĂ­rus é elevada, de acordo com pesquisa Datafolha.

Mesmo entre os brasileiros que recebem o auxĂ­lio emergencial essa rejeiĂ§Ă£o Ă© grande.

A atuaĂ§Ă£o de Bolsonaro Ă© rejeitada por quase metade dos entrevistados, independentemente de terem recebido o benefĂ­cio ou nem terem solicitado o pagamento.

 

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De acordo com os dados do Datafolha, entre os que pediram e jĂ¡ receberam pelo menos uma parcela do auxĂ­lio financeiro, 49% consideram o trabalho do presidente na crise da covid-19 ruim ou pĂ©ssimo.

Para a populaĂ§Ă£o que nĂ£o fez o pedido do benefĂ­cio, a atuaĂ§Ă£o Ă© considerada ruim ou pĂ©ssima por 51%.

No grupo que recebeu o auxĂ­lio, 26% avaliam o desempenho como Ă³timo ou bom, e 24%, como regular.

CenĂ¡rio similar foi verificado entre os que nem sequer pediram o benefĂ­cio: 27% classificaram como Ă³timo ou bom, e 22%, como regular.

 

Medida paliativa

 

O auxĂ­lio emergencial, que começou a ser pago em abril, foi criado para atenuar a perda de renda de trabalhadores informais, MEIs (microempreendedores individuais), autĂ´nomos e desempregados afetados pelas medidas de isolamento social adotadas para tentar conter a transmissĂ£o do novo coronavĂ­rus.

Inicialmente, o governo propĂ´s um valor de R$ 200 por parcela (trĂªs, no total).

Diante de articulaĂ§Ă£o no Congresso para elevar o pagamento, Bolsonaro, entĂ£o, decidiu que a ajuda seria de R$ 600 mensais, podendo chegar a R$ 1.200 para mĂ£e chefe de famĂ­lia.

O benefĂ­cio foi definido em trĂªs parcelas.

Elaborado Ă s pressas pelas Ă¡reas econĂ´mica e social do governo, o programa estimulou o debate para ampliaĂ§Ă£o das ações de transferĂªncia de renda no paĂ­s, reformulando o Bolsa FamĂ­lia e atendendo tambĂ©m a trabalhadores informais.

 

ProrrogaĂ§Ă£o

 

Com o avanço da pandemia no Brasil, o governo anunciou nesta terça-feira (30) a prorrogaĂ§Ă£o do auxĂ­lio emergencial por mais dois meses, mantendo o valor de R$ 600 mensais.

AtĂ© o balanço mais recente divulgado pela Caixa, na sexta-feira (26), 64,1 milhões de brasileiros jĂ¡ haviam recebido o auxĂ­lio emergencial.

O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone na terça (23) e na quarta (24), às vésperas do início do pagamento da terceira parcela do benefício.

A margem de erro da pesquisa Ă© de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

 

Atrapalhado

 

A maioria do grupo que jĂ¡ recebeu pelo menos uma parcela do auxĂ­lio (61%) considera que Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda no combate ao coronavĂ­rus.

Essa tambĂ©m foi a avaliaĂ§Ă£o de 61% dos entrevistados que nĂ£o pediram a ajuda financeira.

 

Volume de recursos cresce

 

Até sexta-feira, foram liberados e pagos pela Caixa R$ 90,8 bilhões.

A expectativa Ă© que, nas trĂªs primeiras parcelas, o total desembolsado pelo governo seja de aproximadamente R$ 151,5 bilhões.

Em meio Ă  discussĂ£o sobre a prorrogaĂ§Ă£o do auxĂ­lio emergencial, a equipe econĂ´mica chegou a defender mais duas parcelas do benefĂ­cio, no valor de R$ 300 cada uma.

O prĂ³prio Jair Bolsonaro chegou a dizer que vetaria qualquer proposta para aumentar o repasse. Depois, no entanto, o governo cedeu.

 

Mais pobres atendidos

 

A cobertura do auxĂ­lio emergencial atende majoritariamente Ă  populaĂ§Ă£o mais pobre.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, 80% dos que dizem ter recebido ao menos uma parcela tĂªm renda familiar de atĂ© dois salĂ¡rios mĂ­nimos (R$ 2.090).

O benefĂ­cio Ă© pago principalmente Ă  fatia da populaĂ§Ă£o mais vulnerĂ¡vel e com renda mais instĂ¡vel

Por exemplo:

24% nĂ£o tĂªm trabalho fixo (fazem bico e serviços esporĂ¡dicos)

17% sĂ£o desempregados

17% sĂ£o donas de casa

15% sĂ£o autĂ´nomos.

Em relaĂ§Ă£o Ă  distribuiĂ§Ă£o do benefĂ­cio no territĂ³rio nacional, o programa segue a linha da divisĂ£o da populaĂ§Ă£o no paĂ­s.

A maioria (61%) que teve acesso ao auxĂ­lio mora no interior.

AlĂ©m disso, 40% dos que receberam o recurso moram na regiĂ£o Sudeste, e 33%, no Nordeste.

 

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Foto: ReproduĂ§Ă£o/Redes Sociais