Atitudes de Bolsonaro incentivam violĂªncia na AmazĂ´nia

Entidades e polĂ­ticos reagiram a fala do presidente sobre o jornalista britĂ¢nico Dom Phillips

Publicado em: 15/06/2022 Ă s 20:40 | Atualizado em: 16/06/2022 Ă s 11:56

O posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao dizer que o jornalista britĂ¢nico Dom Phillips era “malvisto” por fazer “muita matĂ©ria contra garimpeiro” desencadeou uma sĂ©rie de crĂ­ticas de entidades, polĂ­ticos e pessoas ligadas ao caso.

ApĂ³s confissĂ£o, a PolĂ­cia Federal do Amazonas levou hoje (15) ao local das buscas um dos envolvidos no desaparecimento dele e do indigenista Bruno Pereira, onde foram encontrados restos humanos.

Membro do FĂ³rum Brasileiro de Segurança PĂºblica, o pesquisador Aiala Couto diz que o posicionamento de Bolsonaro incentiva ainda mais a violĂªncia relacionada ao garimpo, ao desmatamento e Ă  exploraĂ§Ă£o ilegal de madeira na AmazĂ´nia.

“É um ato covarde de um presidente, que fundamenta o avanço da violĂªncia contra ambientalistas, lideranças indĂ­genas e tambĂ©m contra jornalistas que denunciam os problemas na AmazĂ´nia”.

Ele lembrou que o governo Bolsonaro tem histĂ³rico de incentivo ao garimpo. “Qualquer aĂ§Ă£o contrĂ¡ria a essa atividade, ele [Jair Bolsonaro] vai apresentar como inimigo. Existe uma sĂ©rie de correspondentes estrangeiros que fazem reportagens com denĂºncias de desmatamento e de violĂªncia contra os povos indĂ­genas. O Dom era um desses jornalistas”, complementou.

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Segundo levantamento do UOL, a Defensoria PĂºblica da UniĂ£o enviou hoje ao Supremo Tribunal Federal um documento em que detalha reuniĂ£o com Ă³rgĂ£os do governo federal sobre o desaparecimento de Bruno e Dom.

No encontro, realizado na sexta-feira (10), a ArticulaĂ§Ă£o dos Povos IndĂ­genas do Brasil questionou a demora para o inĂ­cio das buscas.

A Funai respondeu que prestou apoio para tentar localizar os desaparecidos desde que tomaram conhecimento da notĂ­cia na segunda-feira (6), um dia apĂ³s a divulgaĂ§Ă£o sobre o desaparecimento, e que, na terça-feira (7), aumentou o efetivo envolvido nas buscas.

Segundo a peça, de quatro pĂ¡ginas, o Ă³rgĂ£o de defesa pediu a participaĂ§Ă£o de indĂ­genas da UniĂ£o dos Povos IndĂ­genas do Vale do Javari nas equipes de busca e sugeriu ao MinistĂ©rio das Relações Exteriores coordenar com o governo do Peru as buscas na fronteira.

O Gabinete de Segurança Institucional da PresidĂªncia da RepĂºblica questionou se os desaparecidos chegaram a entrar em Ă¡rea indĂ­gena e se eles fizeram contato com a Funai previamente.

JĂ¡ o Ă³rgĂ£o diz que nĂ£o havia notĂ­cia de que eles tivessem ingressado em territĂ³rio indĂ­gena.

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Foto: Getty Images