Apagão de dados da covid pode esconder realidade da ômicron

Desde 10 de dezembro, quando houve um ataque hacker aos sistemas do Ministério da Saúde, não há números precisos da situação

Ministério diz que concluiu recuperação de dados da vacinação

Publicado em: 05/01/2022 às 15:53 | Atualizado em: 05/01/2022 às 15:53

O apagão de dados sobre a pandemia tornou-se outro inimigo que têm afetados os brasileiros neste início de ano. Além disso, há a recente corrida às farmácias, laboratórios e unidades de saúde e os sintomas respiratórios.

Desde que um ataque hacker atingiu os sistemas do Ministério da Saúde, em 10 de dezembro, não há números precisos que atestem o real cenário da Covid-19, agora agravado pela alta nos casos da variante Ômicron e sua sobreposição à epidemia de influenza.

Embora seja perceptível o aumento na procura por testes e atendimento de sintomas gripais, a notificação de casos ainda encontra gargalos como a demora nos registros pelas secretarias de saúde e as falha na plataforma e-SUS, ainda afetada pela invasão hacker.

O Ministério da Saúde confirmou 170 casos da Ômicron até ontem e investiga outros 518, mas a avaliação de especialistas e gestores é de que o número está longe de refletir a realidade.

“Sem informação em tempo real e sem histórico fornecido pelo sistema de dados, temos dificuldades em planejamento, em enxergar realidade, em visualizar o que está acontecendo nas diversas regiões do país. Secretários, prefeitos e técnicos municipais reclamam da falta de acesso aos dados de municípios, ao cartão de vacinação… Isso traz muitos prejuízos, principalmente na avaliação do andamento da pandemia no país”, analisa o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire.

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Testes rápidos

Com baixa testagem em massa da população e sequenciamento genômico do vírus, as dificuldades se sobrepõem aos estados e municípios.

Segundo o Ministério da Saúde, 25 milhões de testes rápidos de antígeno foram distribuídos para estados e Distrito Federal e de setembro a dezembro de 2021. Além deles, houve 6,5 milhões de exames enviados a partir de solicitações extras.

Para que a dimensão da Ômicron no país fosse conhecia, deveria haver um número de sequenciamentos genéticos do vírus compatível com a população. 

Uma das ferramentas para monitorar a pandemia é por meio do boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As atualizações, porém, estão suspensas há mais de um mês por falta de dados. 

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil