Advogados de Bolsonaro pressionaram família de Cid para trocar defesa

Ministro Alexandre de Moraes vê tentativa de obstrução e determina que Wajngarten e Bueno prestem depoimento à PF em até cinco dias.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 26/06/2025 às 16:37 | Atualizado em: 26/06/2025 às 16:40

A esposa e a mãe do tenente-coronel Mauro Cid, delator da tentativa de golpe de Estado investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), afirmaram à Polícia Federal (PF) que advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram interferir na defesa do militar.

Segundo Gabriela Cid, esposa do ex-ajudante de ordens, o então advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, ligou insistentemente para ela em 2023.

“Atendi a ligação, após pedido de minha filha, que era alvo de ligações constantes e insistentes por parte dele. Fiz uma gravação em vídeo da ligação onde ele tenta me persuadir a trocar de advogado”, disse Gabriela.

Ela afirmou que os contatos começaram quando Mauro Cid trocou de defesa e escolheu ser representado por Cezar Bitencourt, que firmou acordo de delação premiada com a PF.

A mãe do delator, Agnes Barbosa Cid, também relatou à PF que recebeu visitas do advogado Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, em três ocasiões, entre agosto e dezembro de 2023.

Duas delas ocorreram na hípica onde a filha de Cid competia, em São Paulo. Em uma dessas vezes, Kuntz estava acompanhado de Paulo Bueno, atual advogado do ex-presidente.

Diante dos relatos, o ministro Alexandre de Moraes apontou indícios de tentativa de obstrução e determinou que a PF ouça Wajngarten e Paulo Bueno em até cinco dias.

A decisão ocorreu após a defesa de Cid entregar documentos que contradizem informações de Kuntz, que afirmou nunca ter procurado o militar ou sua família. As autoridades passaram a investigá-lo por tentar atrapalhar o inquérito sobre a articulação golpista e a atuação de militares no caso.

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Foto: divulgação