Raoni rouba a cena
Sua presença surpreendeu a comissão julgadora do festival folclórico de Parintins que foi conhecer a Cidade Garantido.

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas
Publicado em: 29/06/2023 às 18:38 | Atualizado em: 30/06/2023 às 10:20
Chegou a Parintins na tarde de hoje, dia 29, o cacique Raoni Mebêngôkre Metukitire. Símbolo do movimento indígena brasileiro, ele é homenageado na toada ritual “Nominação Kayapó” pelo boi vermelho.
Raoni foi do aeroporto diretamente para a Cidade Garantido conhecer a comissão de arte. Ele e sua comitiva, composta por três tradutores e uma indígena Mebêngôkre, foram recepcionados por membros da comissão e brincantes que ensaiavam os últimos ajustes de coreografias.

Raoni estava visivelmente incomodado com o calor e pediu para sentar à sombra, para fumar seu cachimbo. Ele é uma liderança indígena de importância mundial.
Sua presença surpreendeu a comissão julgadora que, nesta tarde, na mesma hora, foi conhecer a Cidade Garantido.
Os jurados pararam para cumprimentá-lo e tirar fotos com ele. Em seguida, adentraram para conhecer os galpões.
Raoni esteve disponível para atender a todos que se aproximaram para tirar fotos e manifestar sua reverência.
Alguns emocionaram-se e chegaram às lágrimas, como o compositor da toada “Nominação Kaiapó”.
Marcos Moura pediu para segurar sua mão e explicou-lhe que fez a toada porque acredita que pode contribuir com a causa indígena, pois compreende que, além da justa homenagem feita ao cacique em sua toada, a arena do bumbódromo é um palco potente para a causa.

Em seguida, Raoni foi convidado a juntar-se aos jurados rumo ao galpão, onde seria realizada a apresentação do ritual que lhe homenageia.
Antes, ciente da importância de sua figura, Raoni pediu para que pegassem seu cocar Mebêngôkre no veículo em que estava. Vestido com o lindo cocar de penas verdes, juntou-se à solenidade.
Enquanto esperava, conseguiu fumar seu cachimbo de fumaça perfumada e, ao ser perguntado sobre sua presença em Parintins, Raoni disse que veio não somente para receber a homenagem, mas porque vai aonde lhe podem falar e ser escutado sobre a causa dos povos indígenas.
“Ele quer paz”, finalizou o tradutor.
No galpão, membros da comissão de arte mostraram a maquete aos jurados e a Raoni. Mas, a liderança roubou a cena.

Dois trabalhadores do galpão tentavam, tímidos, encontrar caminho sem perturbar Raoni e a solenidade.
Pedi ao tradutor que ele articulasse uma foto com os trabalhadores do galpão. O tradutor explicou a Raoni que a dupla trabalhava na confecção das alegorias, mostrando a alegoria do dorso de um indígena ao lado, e seu olhar se iluminou.

Tirei a foto para eles e, quando devolvi seu celular, um dos trabalhadores comentou que a presença da liderança era uma surpresa para eles e um sinal de que tudo daria certo.
Seguiu correndo atrás do colega, que se juntou aos demais na correria da finalização das alegorias.
Fotos: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas