Faz dois anos que Moraes ‘anda’ para visto de Trump

Ministro é sancionado pelos EUA por violações de direitos humanos, segundo a visão do governo Trump, que impede pessoas de entrarem no país por causa de postagens nas redes sociais que discordem de sua visão de mundo.

Publicado em: 30/07/2025 às 16:20 | Atualizado em: 30/07/2025 às 16:20

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi oficialmente sancionado nesta quarta-feira (30/7) pelo governo dos Estados Unidos da América (EUA) com base na Lei Magnitsky — legislação que permite penalidades a estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos. A decisão, anunciada pelo Departamento do Tesouro norte-americano, amplia a tensão diplomática e política entre setores do governo dos EUA e o Judiciário brasileiro.

Antes mesmo da sanção, Moraes já estava impossibilitado de entrar nos EUA, segundo fontes próximas ao ministro, pois seu visto de entrada estava vencido há dois anos.

Sanções impostas

A sanção publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) determina:

Bloqueio de bens e contas em território americano;

Proibição de transações comerciais com empresas e cidadãos dos EUA;

Impedimento de entrada no país.

De acordo com Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, Moraes lidera uma “campanha opressiva de censura” e conduz “processos judicializados com motivação política”, com alvos que incluiriam até o ex-presidente Jair Bolsonaro e empresas dos Estados Unidos.

Pressão internacional

A medida foi precedida por declarações do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que no último dia 18 anunciou a revogação de vistos de ministros do STF e seus familiares.

O parlamentar citou diretamente Moraes e alegou perseguição política no processo que envolve Bolsonaro no STF, relacionado à tentativa de golpe de Estado.

Segundo o Washington Post, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atuou junto a aliados de Donald Trump para articular as sanções contra Moraes com base na Lei Magnitsky.

A Lei Magnitsky

Criada em 2012 para punir autoridades russas envolvidas em corrupção, a Lei Magnitsky foi expandida em 2016 e hoje permite ao governo dos EUA sancionar qualquer cidadão estrangeiro por:

Graves violações de direitos humanos;

Corrupção sistêmica;

Perseguição política.

Projeto em tramitação

Tramita ainda na Câmara dos EUA o projeto “Sem Censores em Nosso Território”, que propõe proibir a entrada de estrangeiros envolvidos em atos de censura contra cidadãos americanos.

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A proposta não cita Alexandre de Moraes nominalmente, mas foi apresentada por congressistas republicanos críticos ao Supremo brasileiro.

A escalada de tensões entre Washington e Brasília em torno das decisões do STF e da atuação de Moraes revela um novo capítulo de pressão internacional sobre a Justiça brasileira, especialmente em ano eleitoral nos EUA.

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil