Marcelo Beraba, voz do jornalismo investigativo, morre aos 74 anos
Jornalista foi um dos fundadores da Abraji e referência jornalística no Brasil e na América Latina.

Publicado em: 28/07/2025 às 19:46 | Atualizado em: 28/07/2025 às 19:46
A notícia da morte de Marcelo Beraba, nesta segunda-feira (28/7), representa não apenas a perda de um dos maiores jornalistas do país, mas o fim de um ciclo marcado pela defesa intransigente da liberdade de imprensa e do jornalismo como pilar da democracia. Beraba, um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), estava internado no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro, e lutava contra um câncer no cérebro descoberto em março deste ano.
Com 74 anos, Beraba deixa um legado incomparável.
Atuou em veículos de grande relevância como o Jornal do Brasil, TV Globo, O Globo, e Folha de S.Paulo, onde foi, entre outras funções, ombudsman — papel que sempre exerceu com ética, independência e olhar crítico.
Também foi diretor do Grupo Estado em Brasília e participou ativamente da construção de uma imprensa mais responsável e comprometida com o interesse público.
Seu papel na fundação da Abraji em 2002 foi decisivo para o fortalecimento do jornalismo investigativo no Brasil.
Colegas e organizações da América Latina destacaram não apenas sua trajetória profissional, mas também sua liderança baseada no diálogo, na conciliação e na transparência.
“Sem Beraba não haveria Abraji”, afirmou Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
Já o jornalista Marcelo Moreira, emocionado, escreveu: “Era mais que um mestre. Era um pai”.
Beraba também teve papel fundamental no fortalecimento das relações entre jornalistas brasileiros e latino-americanos, sendo figura-chave na criação da COLPIN (Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo) e jurado do Prêmio Latino-Americano por mais de uma década.
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Sua partida deixa um vazio imenso, mas também o exemplo duradouro de um jornalista íntegro, generoso e incansável na defesa dos valores fundamentais da profissão.
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Foto: Abraji