Pode avisar que o Caprichoso está chegando

O poema de Érick Nakanome, presidente do Conselho de Arte do Caprichoso, traz uma solução inteligente para a provocação sobre a fundação do boi,

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 30/06/2023 às 15:26 | Atualizado em: 30/06/2023 às 16:01

A toada hit 2023 do Caprichoso é a “Pode avisar”, do compositor Adriano Aguiar.

Sua introdução é um poema que fala “meu boi é preto sim, negro, mestiço e caboclo e o dono dele é o povo, nasceu na rua, livre, leve e solto, para quem quiser brincar, taí o Caprichoso”.

O verso faz alusão a uma provocação que o boi contrário faz sobre as diferentes versões de sua fundação.

Note-se que os piores palavrões de nossa sociedade se relacionam a filhos apenas da mãe. Não saber ao certo quem é seu pai é uma ferida que toca a muitos. Por isso, sempre é apontada pelo contrário para implicar com o Caprichoso. 

Porém, o poema de Érick Nakanome, presidente do Conselho de Arte do Caprichoso, apresenta uma solução inteligente. O poema joga o nascimento do Caprichoso nos braços do povo. Diz que o Caprichoso acolhe a quem quiser.

Afinal, o que importa para a nação azulada quem coloca seu boi no mundo?

Para a atual geração de torcedores, talvez não encontre eco a ofensa proferida. Afinal, desonra de não ter pai deve recair sobre aquele que não assume a sua responsabilidade paternal.

O que, nem de longe, é o problema do Caprichoso.

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Em verdade, a sua fundação é disputada entre os irmãos Cid e Luiz Gonzaga.

A versão adotada pela agremiação tem sido a dos irmãos Cid. Neste ano, em seu curral, há uma praça em homenagem a eles. Nela estão esculturas feitas com braços abertos para quem quiser abraçá-los.

Foto: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas