Bolsonaro pediu ajuda até a advogado de Trump para conspirar contra Brasil

O relatório da Polícia Federal (PF) divulgado nesta quarta-feira (20/8) expôs mais um capítulo da estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se alinhar a interesses externos e enfraquecer instituições brasileiras.

Segundo as investigações, Bolsonaro pediu orientação direta ao advogado Martin De Luca, representante da plataforma Rumble e da Trump Media & Technology Group, sobre como se posicionar publicamente em relação ao “tarifaço” imposto ao Brasil pelo governo Donald Trump.

Em um áudio recuperado pela PF, Bolsonaro pede conselhos a De Luca sobre a redação de uma nota de apoio ao presidente norte-americano.

O ex-chefe do Executivo brasileiro elogia Trump, afirma que “a questão da liberdade está muito acima da questão econômica” e solicita ajuda para formular um texto a ser divulgado em suas redes sociais.

Para os investigadores, a atitude revela não apenas submissão, mas também tentativa de utilizar medidas de outro governo contra o Brasil, em benefício próprio e de sua narrativa política.

O relatório também detalha a atuação conjunta de Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do pastor Silas Malafaia na disseminação de mensagens contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

A PF aponta que os dois buscaram intimidar ministros e interferir diretamente na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado.

A cooperação com aliados de Trump é considerada um dos pontos mais graves da investigação, reforçando a hipótese de conspiração internacional para fragilizar o Judiciário brasileiro.

As mensagens apreendidas ainda revelam atritos entre Jair e Eduardo Bolsonaro. Em uma delas, Eduardo chega a insultar o pai após críticas indiretas e admite que a aproximação com Trump tinha como objetivo principal proteger a família de uma condenação.

“Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto”, escreveu o deputado.

Além disso, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei, no qual o ex-mandatário alegava perseguição política e solicitava urgência na análise. Para os investigadores, o documento indica que Bolsonaro planejava rotas de fuga desde 2024 para escapar da Justiça brasileira.

A defesa do ex-presidente afirmou que o rascunho foi apenas uma hipótese descartada, mas para a PF, as provas reunidas reforçam o enredo de um ex-chefe de Estado que buscou apoio externo para desafiar a soberania nacional.

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Foto: Lula Marques/Agência Brasil