A mesma ladainha
O que um dia foi “apenas” o pagamento de uma promessa, hoje é um ato de resistência cultural

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas
Publicado em: 25/06/2023 às 19:00 | Atualizado em: 26/06/2023 às 15:32
A festa dos bois-bumbás parintinenses tem duas dimensões que se complementam: a atividade popular e o espetáculo artístico na arena da competição.
O calendário dos folguedos inicia-se com a Alvorada do Garantido, na véspera de 1º de maio, Dia do Trabalhador e Dia de São José Operário – esse último, nome do bairro onde se localiza a celebrada baixa da Xanda ou baixa de São José.
E segue com as passeatas que celebram os santos juninos.
A ladainha para São João realizada pelos Monteverde (descendente do fundador do boi-bumbá Garantido, Lindolfo Monteverde), no antigo curral e quintal da família, como toda tradição, se transforma e se atualiza.

O que um dia foi “apenas” o pagamento de uma promessa, hoje é um ato de resistência cultural.
A sua realização demarca sua propriedade fundadora e histórica.
Similar ao que ocorre na morte do boi, dia 17 de julho, a ladainha, rezada em latim, é um compromisso da família com sua memória. E ocorre independentemente do apoio institucional ou oficial.
Porém, o apoio tímido ou a falta dele, como ocorreu na noite passada, comunica a não compreensão de sua grandiosidade. E contrasta com a espetacularização dessa memória reivindicada na arena.
Contudo, a tradição da ladainha e das passeatas, que enriquecem o comércio e a cultura, tem a força das celebrações populares.
Elas acontecem, pois o povo também se apropriou dela.
Não há no horizonte a possibilidade de passar junho sem elas.
Foto: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas