Governo e bancada dizem que tarifa dos EUA pouco afeta ZFM
ZFM deve sofrer pouco com tarifa dos EUA, mas aumento pode prejudicar o Brasil, dizem Sedecti, Sefaz e deputados do AM.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 10/07/2025 às 18:07 | Atualizado em: 10/07/2025 às 18:07
A sobretaxa de 50%, imposta pelo governo dos Estados Unidos, sobre a exportação de produtos brasileiros tem baixo impacto na economia da Zona Franca de Manaus (ZFM). A conclusão vem de técnicos do governo do Amazonas.
Isso porque as exportações do polo industrial de Manaus para o mercado norte-americano não representam fatia expressiva do faturamento total do setor industrial.
Atualmente, a ZFM exporta somente 1,5% de seu faturamento, sendo que deste percentual, menos de 10% têm como destino os Estados Unidos. Nesse sentido, apenas 0,15% do faturamento da Zona Franca de Manaus estaria sujeito às novas tarifas.
Em 2025, as exportações para o país são ainda menos expressivas. Com participação de 8,74% na compra de produtos produzidos na ZFM, os EUA ficam atrás de Alemanha, China, Argentina e Colômbia que lideram a lista de principais exportadores do Amazonas
Por conta disso, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedect), Serafim Corrêa, afirma que os efeitos da taxação, anunciada pelo presidente Donald Trump, são mínimos ao polo industrial de Manaus.
“Claro que o aumento de tarifas nas exportações brasileiras para os Estados Unidos tem consequências para o país como um todo. No entanto, quando falamos da Zona Franca de Manaus, o impacto é praticamente nulo. Neste momento, seguimos acompanhando os desdobramentos, mas reafirmo que, para a Zona Franca, o efeito é nulo”, destacou Serafim Corrêa.
Ainda segundo a Sedecti, a maior parte da produção do PIM destina-se ao mercado interno brasileiro. Além disso, a balança comercial entre a ZFM e os EUA é amplamente favorável aos americanos, tendo em vista que o Amazonas importa do país quase 20 vezes mais do que exporta. Ou seja, uma possível disputa comercial tende a ser mais desfavorável ao país norte-americano.
Insumos mais caros
Por outro lado, a Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz), diz que a taxação pode causar a desvalorização do real frente ao dólar, o que pode encarecer insumos importados e aumentar custos de produção e impactar a competitividade das indústrias instaladas no estado.
Assim, mesmo com o baixo impacto sobre o setor industrial, os técnicos do governo do Amazonas reforçam o compromisso de realizar monitoramento constante e, eventualmente, medidas de mitigação a possíveis impactos negativos que possam surgir posteriormente.
Absurdo de Trump
Membros da bancada do Amazonas também se manifestaram sobre a taxação dos EUA sobre as exportações brasileiras.
“Como todo mundo, eu também acho que é um absurdo o que o Trump fez. Se meter em assuntos internos do Brasil, em questões políticas, não é correto. E essa taxação é completamente insana. Prejudica sobretudo o Brasil, mas prejudica também os americanos”, declarou o deputado federal Pauderney Avelino (União-AM).
No caso da ZFM, Pauderney corrobora com a avaliação da Sedecti e Sefaz. Diz que se tiver algum impacto, será mínimo. O parlamentar avalia ainda que o polo industrial de Manaus pode diversificar a produção para atender a demanda interna, o que é positivo do ponto de vista econômico.
Espaço de diálogo
Por sua vez, o deputado Átila Lins (PSD-AM) diz estar muito preocupado com o Brasil e que o governo deve apelar à diplomacia para tentar amenizar o impacto da medida.
“Ao lançar o tarifaço dia 10 de julho para vigorar em 1 de agosto, significa que o governo Trump está dando 20 dias para encontrarmos algum caminho que possibilite mudar essa decisão. Atitudes dele, nesse sentido, já aconteceram”, adverte o decano da bancada amazonense.
Erros diplomáticos
Membro da oposição ao governo e único parlamentar declaradamente bolsonarista, o deputado federal Alberto Neto (PL-AM) se manifestou e fez um duro pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados.
Para ele, a taxação americana é o reflexo de uma sucessão de erros diplomáticos cometidos por Lula.
“Ele tem cometido um incidente diplomático atrás do outro (…) Lula apoia o Irã, Lula apoia o Hamas, Lula chega na Argentina e levanta um cartaz de uma condenada por corrupção”, declarou o deputado.
Regimes autoritários
Alberto Neto argumenta que a política externa brasileira sob o governo Lula tem se afastado dos países democráticos e alinhado com regimes autoritários, o que estaria corroendo a confiança internacional no Brasil como parceiro comercial e estratégico.
“O Brasil não quer estar ao lado de ditaduras. O Brasil quer estar ao lado das democracias”, completou.
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