“Temos que tirar o cartão de débito do governador interino”

Publicado em: 30/08/2017 às 08:35 | Atualizado em: 30/08/2017 às 08:35

A tumultuada passagem do governador David Almeida (PSD) pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), ontem de manhã, foi marcada por uma frase de despedida que se ouviu dos corredores do segundo andar do prédio do poder, onde ficam instalados os gabinetes dos conselheiros que compõem a corte.

A frase “temos que tirar o cartão de débito do governador interino” foi pronunciada assim que ele deixou o gabinete do conselheiro Érico Desterro, onde pediu ao presidente do TCE-AM, Ari Moutinho Júnior, o direito de fazer sua defesa contra a solicitação de bloqueio das transações financeiras de sua gestão.

Esse pedido foi formalizado na segunda, dia 28, pelo Ministério Público de Contas, que apontou que, de 10 de maio, um dia após chegar ao cargo para substituir o governador cassado José Melo (Pros), até este dia 28, David já havia gastado mais de R$ 3 bilhões.

Parte da corte entende que esses gastos são incompatíveis com a interinidade. E, assim, segue, como eco, o mesmo entendimento que levou o governador eleito Amazonino Mendes (PDT) ao TCE-AM nesta segunda, um dia após a eleição, pedir medidas contra os gastos de David.

Foi essa movimentação política de Amazonino que fez com que o governador se dirigisse ao TCE-AM, mas a contraofensiva pode ter tido efeito contrário, observou privilegiada autoridade da corte.

Parte do colegiado entendeu que a súbita visita de David – acompanhado de vários deputados da Assembleia Legislativa (ALE-AM), da qual é presidente licenciado -, teve contorno desafiador.

E isso pode ter mudado o jogo que parecia estar equilibrado, tão equilibrado que o presidente Ari Moutinho Jr. chegou a dizer à imprensa que no julgamento do pedido de bloqueio das contas do governo, que acontece hoje, vai dar a decisão com o voto de minerva, se for necessário.

 

Saia justa

A ida de David ao TCE-AM provocou saia justa ao presidente da casa. O governador chegou ao tribunal duas horas antes da agenda combinada.

O encontro estava previsto para 11h15 e David chegou ao TCE-AM por volta das 9h15. Ari nem estava lá e quando chegou resolveu não atender o governador na presidência porque o prefeito Arthur Neto (PSDB), que travou forte embate político com David nos últimos meses, estava chegando para cumprir a agenda das 10h.

Diante de todo esse cenário, será um grande feito para David se sair hoje imune do julgamento do TCE-AM, poder que, hierarquicamente, está subordinado à ALE-AM, que voltará a comandar assim que cumprir sua interinidade no Executivo.⁠⁠⁠⁠

 

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Foto: BNC